quarta-feira, 31 de março de 2010

Auto-definição minimalista



Wordle: Untitled

Não havia nechechidade... Zzz zzz


Irritam-me sobremaneira as reportagens que têm vindo a passar em crescendo no canal estatal português. Sejam elas sobre a pobreza ou o bullying (que, Eureka, é tratado como um fenómeno novo quando existe desde sempre), a crise ou (ainda) as derrocadas da Madeira, como se já não bastasse a tristeza e angústia associada aos temas abordados, colocam-lhe ainda uma musiquinha de fundo de fazer chorar as pedras da calçada, a apelar à lagrimazinha do povo que, confortavelmente sentado no sofázinho comprado na Moviflor, vai dizendo Que pena, Não sei onde isto vai parar, Coitadinho, com os olhos marejados porque, qual filme, a música potencia sentimentos de pena e compaixão.
Mas será que não basta a verdade crua da realidade? Não será isso só por si emocional quanto baste?

segunda-feira, 29 de março de 2010


 
Há dias em que o sol brilha. Há dias em que saboreio antecipadamente surpresas muito esperadas. Há dias em que não quero largar a tua mão enquanto passeamos calmamente na rua. Há dias em que pego no carro e conduzi-lo sabe-me tão bem como se estivesse a sobrevoar uma paisagem árida e enorme num balão. Há dias em que ouço quase nada do que me rodeia (excepto música). Há dias em que repetimos insistentemente Por acajo num vistes a Sarah Connor. Há dias em que à noite se vai ao cinema. Há dias em que planeamos que roupa louca vamos usar na festa dos anos 80. Há dias que cheiram a Verão. Há dias em que escrevo enquanto devia estar a trabalhar (que se lixe!). Há dias assim.

Constatações XCVIII


Acordo com a notícia dos atentados em Moscovo. Ainda entorpecida, fico mais chocada pelo facto de os mesmos terem sido levados a cabo por duas mulheres suicidas, do que com o número de mortes que dele resultaram - trinta e sete.
(Entretanto os factos já se organizaram hierarquicamente na minha cabeça).

quinta-feira, 25 de março de 2010

Assim torna-se difícil abandonar o tema imbecilidade


Segundo a imprensa, o cardeal Joseph Ratzinger (que é, nada mais nada menos que o Papa Bento XVI), quando presidia à Congregação para a doutrina da Fé, em 1996, e outros membros do Vaticano, terão encoberto os abusos sexuais de um padre norte-americano suspeito de molestar cerca de 200 crianças numa escola para surdos no Wisconsin, segundo documentos eclesiásticos obtidos pelo New York Times.
Ora, como o Papa vem de visita a Fátima (a Igreja Católica até preparou um hino cujo refrão é este belo Bem-vindo, bem-vindo, Pastor Universal! Santo Padre, bem-vindo a Portugal), parecia-me bastante plausível mostrarmos o quão hospitaleiros somos, recebendo-o com dúzias e dúzias de ovos podres e mal-cheirosos. No mínimo.
 

quarta-feira, 24 de março de 2010

E para limpar de vez com a imbecilidade...

Da imbecilidade


Por vezes tento esquecer-me da imbecilidade que nos rodeia - e ela é muita e existe em todo o lado sob variadíssimas formas. Mas quando a imbecilidade ganha a forma de actos palpáveis, que me atingem directa, injusta e prejudicialmente, aí reviram-se-me as vísceras, o que não é nada bom porque, acompanhado desse revolver, chega também uma vontade urgente e incontida de me encher de doces e salgados e tudo o que o colesterol agradece que não comamos.
Agora que, pelo menos aparentemente, dou por saciadas essas necessidades e já consigo analisar as coisas com a frieza possível (e é-me sobretudo difícil conviver com o conceito de injustiça), concluo que este mundo em que vivemos está pejado de actos e pessoas nojentas, cuja asquerosidade se pavoneia há muito (desde sempre?), pelos corredores da rotina.
Depois da fase do choro, da repulsa e dos porquês, agradeço o conhecimento da imbecilidade e do(s) seu(s) autor(es). Porque me levam a querer distância, a procurar soluções que me levem para longe de ambientes assim.
Começo agora a caminhar esse caminho. E talvez um dia, espero, ainda agradeça aos imbecis por isso.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Constatações XCVII


Os lambe-botas estão para mim como a água está para os gatos.
É fugir deles a 7 pés.

Hoje sim, hoje temos um Dia Mundial de jeito


Com tantos Dias Mundiais perfeitamente inúteis, há que celebrar aqueles que assumem considerável relevância, tal como o de hoje, um admirável Dia Mundial do Sono.

Assim, para aqueles que, como eu, adoram dormir, desejo-lhes um óptimo dia e, mais importante ainda, uma longa e serena e profunda e retemperadora e repousada noite de (bom) soninho. Óó.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Este blog está absolutamente apaixonado por isto:



Alguém me explica?


Porque é que, quando falamos com uma pessoa da mesma nacionalidade que a nossa e lhe perguntamos quantas ou que línguas é que fala, invariavelmente, e antes do rol de línguas dominadas, normalmente ela responde "português"? 
É que ainda não tinha dado para reparar...

terça-feira, 16 de março de 2010

Isto sim é uma bela declaração de amor


Jeff Bridges, quando recebeu o Óscar de Melhor Actor, agradeceu à mulher com as seguintes palavras: "És o meu grande apoio. Adoro chegar a casa todos os dias."
Numa época em que as relações são cada vez menos valorizadas, esta declaração é das mais ternurentas que consigo imaginar. Porque ela resume (bem) todo o amor que se tem por outra pessoa. Porque é, de facto, muito bom chegar a casa quando nela também habita a pessoa que amamos. Porque lhe podemos chamar casa.
(Tão simples.)

Como?


O grupo editorial Leya queimou milhares de livros (onde se incluíam autores como Jorge de Sena e Eugénio de Andrade), por não querer suportar o custo com a sua armazenagem, e por não os poder recolocar no mercado (estavam demasiado velhos, estragados e, logo, não tinham já valor comercial). O grupo ainda tentou enviá-los para Timor, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros não quis assumir os custos com o seu transporte. Como a editora também não, toca a queimar tudo que sempre sai mais barato.
A propósito, Miguel Esteves Cardoso (que, como eu, ama os livros) escreveu na 5ª feira passada, no Público, que deseja sinceramente que a Leya se foda.
Subscrevo. Inteira e sinceramente também.

segunda-feira, 8 de março de 2010

E porque esta foi noite de Óscares

É óbvio que uma mulher tem de falar de vestidinhos. Então é assim:


Frio, assim que a modos quase congelado:


GABUOREY SIDIBE
(Não me critiquem que vim aqui parar por acaso)




MAGGIE GILLENHAAL
(Brasil, lálálálálálá, Brasil)




ZOE SALDANA
(My name is Pindérica. Zoe Pindérica)




MARIAH CAREY
(Nota da autora: nada a dizer)


Nem aquece nem arrefece:


KATE WINSLET
(Podia estar um pouco menos deslavada, mas há pior)


KATHRYN BIGELOW
(Estou bem mais gira que a actual do meu ex)


Quente:


DEMI MOORE
(Não me trocava por duas de 25)


CAMERON DIAZ
(Resmas, paletes de bom gosto)


sexta-feira, 5 de março de 2010

Pois, pois


 “It really is the heart of a woman that takes her beautiful.”

Jessica Simpson

 
Adoro estas frases que as “estrelas” pronunciam para mostrarem que são profundas e interessantes e com algo mais na cabeça do que massa feia e disforme.
E a frase até faz algum sentido se a limitarmos ao ponto de vista espiritual, digamos assim, no sentido de que, a longo prazo, o que interessa realmente é a beleza interior das pessoas, que o bom aspecto físico só por si não faz com que as relações se mantenham.
Mas, se extrapolarmos a espiritualidade da coisa, a frase não é, de todo, verdade.
Coisa diferente é, por exemplo, gostar-se tanto de uma pessoa não abençoada com formosura (um namorado, amigo, familiar - não interessa) que, às tantas, passamos a senti-la como bonita porque não dissociamos a embalagem do conteúdo.
Agora, dizer-se que é o coração de uma pessoa que a leva a ser bonita é uma afirmação muito aprazível, ideal até para fechar uma qualquer história de encantar escrita para crianças, mas não autêntica.
Gostava de ver a menina Jessica a dizer isso a uma mulher bem feia. Aposto que não a ia fazer sentir-se muito melhor.

Tempos Modernos (*)


"Um casal sul-coreano «viciado na Internet» deixou a sua bebé de três meses morrer de inanição enquanto criava uma filha virtual na web, disse a polícia local. Segundo a agência de notícias oficial Yonhap, o casal alimentava a sua bebé prematura apenas uma vez por dia, entre períodos de 12 horas passados num cibercafé.
O polícia Chung Jin-won disse à Yonhap que o casal «perdeu a vontade de viver uma vida normal» depois de os dois terem sido despedidos.
O pai, de 41 anos de idade, e a sua mulher, 25 anos, foram presos na cidade de Suweon, a sul de Seul, no início da semana, cinco meses depois de terem reportado a morte da bebé. Eles estavam em fuga desde a morte da criança.
A autópsia mostrou que a sua morte foi provocada por um longo período de desnutrição."


In Diário Digital 

Zzzzzzzzz...


Fraquinho, fraquinho o debate entre Rangel e Aguiar Branco. Mais entediante só a missa que passa aos Domingos de manhã na TVI.

terça-feira, 2 de março de 2010

All we need is

Constatações XCVI


Uma mulher percebe que está mesmo, mesmo frio, quando o nosso namorado, reparando nas várias camadas de roupa sobrepostas no corpinho, nos diz que parecemos um Mil Folhas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Mas porquêêêê???


Uma pessoa até gosta do Avatar, e no final do filme ainda está em fase de encantamento com os humano-felinos azuis, com Pandora e com aquilo tudo quando, de repente, somos bruscamente devolvidos à realidade. A Celine Dion, outra vez?
Ah, não, afinal é a Leona Lewis.

E porque me apetece falar de cinema


Vencedora de dois Óscares da Academia (o de Melhor Actriz com “A Escolha de Sofia”, de 1982, e o de Melhor Actriz Secundária com “Kramer vs Kramer”, de 1979), Meryl Streep é a intérprete mais nomeada de sempre – com mais uma nomeação para os Óscares de 2010, já lá vão dezasseis.
  
E isso bastaria para considerá-la uma actriz de excepção. Mas, além de roubar todas as cenas em que entra, com o savoir faire que lhe parece inato, a subtileza e serenidade que a caracterizam, é uma mulher muito terra a terra, a quem os anos e as rugas não retiraram beleza nem a fizeram ir a correr para a maca de um qualquer cirurgião estético.
  
Assumindo-se como uma mulher simples, disse um dia: “Não sei estar na moda. Quero dizer, sei ser uma data de coisas, mas não sei ser estrela de cinema (…)”.
  
E nós agradecemos.