quinta-feira, 31 de maio de 2007

Constatações XXVII

Como é boa a sensação de que o nosso caminho se vai cumprindo...

terça-feira, 29 de maio de 2007

Realizador: Steven Zaillian


Retrata o caminho de um homem, de origem humilde e intenções nobres, na espiral do poder político. Que acaba por se perder, definitivamente, no emaranhado da corrupção. Sean Penn está (uma vez mais) brilhante.
Este filme veio corroborar a tese que defendo desde sempre: que o poder, especialmente o político, acaba obrigatoriamente por corromper aqueles que se movem nesses meandros. Gostaria que, pelo menos uma vez, a realidade me provasse o contrário.

Amigos gays XII

Os gays que conheço adoram a Madonna. E têm um fraquinho pela Beyoncé.

“Deveríamos considerar perdidos todos os dias

em que não tivermos dançado

pelo menos uma vez.

E deveríamos chamar falsas

a todas as verdades

que não sejam acompanhadas de

pelo menos uma gargalhada.”

Friedrich Nietzche
A janela, com as suas portadas abertas de par em par, deixa-me ver o céu, por detrás dos prédios altos e solitários. Azul e laranja. Já passa das nove. Escrevo em cima das pernas, nuas, neste quarto, impessoal, de hotel. Na televisão há pessoas que falam mas não as ouço. Está apenas ligada para que me passe esta sensação. Para que pareça que não estou só. Porque hoje, ao contrário de outras vezes, em que a procuro, a provoco, não quero estar só. O céu está a ficar esverdeado. Muito belo. Demasiadamente belo. Tanto, que por momentos páro de escrever só para o poder fotografar.
Regresso agora, depois de guardar um pedaço que já se escapou. Lá em baixo passam os carros, velozes. Sente-se o burburinho da cidade. O chamamento da cidade. Saem para a rua as putas. Os bêbados que por estas estradas se perdem tentando encontrar-se (na sua embriaguez). Os loucos. Os sábios que só aqui encontram a sua paz. Saem à rua todos os seres que fingimos não ver. Os que dormem no chão. Que roubam os seus iguais. Que fingimos não existir. Preferíamos assim. Porque nos lembram sempre que também somos culpados.
A janela, com as suas portadas abertas de par em par, deixa-me ver o céu, por detrás dos prédios altos e solitários. Cinzento e verde. Já não. Escureceu.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Diário de Maria

Querida Maria:

Há dias disse uma graçola aos colegas de trabalho sobre o chefe. Entretanto, comecei a pensar que, se calhar, devia tê-la guardado para mim, porque acho que agi sem pensar.
Agora ando a dormir mal por causa de uma dúvida que me atormenta: será que algum dos meus colegas pode acusar-me? E se sou despedida?
O que é que acha?
Por favor, ajude-me urgentemente, que estou a ficar desesperada.

S. - Vila Franca de Xira

Hoje regressou a Portugal...

Provavelmente





o pirata mais bonito de todos os tempos.

Confissões


E acontece-te.
Pela 1ª vez.
Mas um dia, antes, já tinhas pressentido que iria acontecer.
Pensavas nisso como mais um obstáculo que tivesses de ultrapassar para estar ainda mais perto do que chamas maioridade.
Tomas uma atitude.
Com a qual não concordas.
Tens consciência, plena, de que é errada.
Acha-la moralmente criticável.
Mas toma-la.
Porque sim, porque é a única coisa que podes fazer.
Para pagar uma dívida que se chama gratidão.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Edital

Informa-se os caros leitores de que este blog está momentaneamente sem actualizações devido a factores terceiros à mentora (que é o mesmo que dizer que, durante esta semana, o trabalho ainda me vai matar).

Voltarei logo que me for possível (que é o mesmo que dizer quando me deixarem).

Atenciosamente,

Sol

domingo, 20 de maio de 2007

(Ainda sobre) Futebolices

Estava difícil mas...

O campeonato

é NOSSO.

Futebolices

Que se resolva rapidamente o Campeonato.
Antes que cerca de três milhões e meio de portugueses entupam as urgências dos hospitais.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Fait-divers

(A pedido de um leitor deste blog - Exmº. Sr. Ivan Aka Bandinho):


P.S.: Não tem nada que agradecer.

Hoje sinto-me assim... *





(* A precisar de férias...)

E porque...

... já há um considerável período de tempo não éramos brindados com nenhuma aberração da América, aqui vai a mais recente: as autoridades do estado norte-americano do Illinois concederam uma licença de porte de arma a Howard David Ludwig, criança com 10 meses de idade. O documento mostra a sua fotografia e, no lugar da assinatura, uma garatuja infantil. A requisição foi preenchida pelo pai do bebé (que deve ter um assombro de QI), através da Internet, tendo de pagar 5 dólares. No entanto, não se pense que esse mesmo pai vai autorizar o filho a pegar numa arma mal ele tenha força para premir o gatilho. Não, nada disso: "Não vou aprovar uma caçada sem supervisão." - afirmou.
Aaahhhh, assim ficamos muito mais descansados.
Quando se encontraram, cumprimentaram-se efusivamente; afinal, havia muito tempo desde a última vez que se viram. Dessa última vez, recordava-se Ana, tinha-lhe ficado a sensação de uma pessoa muito insegura, imatura (uma imaturidade emocional, digamos assim), à procura de si próprio mas muito longe desse porto. Mas tentando desesperadamente encontrar-se, se não para provar algo a si mesmo, que o provasse aos outros. A voz dele chamou-a de volta para o presente. Respondeu-lhe que sim, que estava tudo bem, contextualizando-o muito resumidamente sobre os acontecimentos desde há três anos atrás.
- E tu, como estás?
- Estou óptimo, muito feliz comigo mesmo. Porque mesmo sentindo-me, por vezes sozinho, sinto-me sempre muito acompanhado... pelos meus amigos, pessoas que me amam como sou e pelo que sou. Que estão sempre presentes no meu coração e na minha vida. E que sempre farão parte dela.
Interrompeu-o com outra pergunta:
- E o trabalho? Continuas no mesmo sítio?
- Sim, sim. Não é aquilo que quero fazer para sempre mas estou bastante bem. Tenho conhecido pessoas extraordinárias que me têm dado grandes ensinamentos. Pessoas interessantes com as quais gosto de estar... Muito ricas interiormente...
- Óptimo! Fico contente por saber que estás bem!
- Estou muito bem de facto. Rodeado por aqueles que me fazem sentir bem comigo próprio, por pessoas extraordinárias. Sabes? Pessoas que me gostam de mim por aquilo que sou.
Foram interrompidos pelo toque do telemóvel, que Ana procurou na carteira. A urgência de atender aquela chamada fez com que se despedissem. E ficou a olhá-lo enquanto este se afastava, pensando que muito pouco tinha mudado; continuava a não saber quem é, tentando desesperadamente encontrar-se, se não para provar algo a si mesmo, tentando prová-lo a alguém.

Genialidade














SALVADOR DALÍ

(1904-1989)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Politiquices

Fernando Negrão, candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa, afirmou ontem que foi constituído arguido num processo que tem seis anos, quando era Director-Nacional da PJ, mas que Marques Mendes não considera tal facto impeditivo para que este possa avançar.
Então e a afirmação recente de Manuela Ferreira Leite que está transcrita cinco posts abaixo?
Parece que não foi possível encontrar ninguém sem tão elevado estatuto.

Pérolazinha

A Inês Meneses, no Um prazer dos Diabos que passou ontem, relembrou-me uma outra expressão pela qual tenho uma especial simpatia: escupe.
Para quem não consegue decifrar, é a forma como determinadas pessoas se querem referir ao cuspe. Gosto!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Hoje sinto-me assim...


Delírios infantis (continuação)

- Mas porque é que precisas de ir trabalhar? Tu não és casada...

Delírios infantis

- Mas porque é que não trabalhas aqui, no sítio onde vives?
- Porque aqui não tenho trabalho... E eu preciso de trabalhar...
- Ai tens, tens!! Porque no outro dia a Srª. Isaura do café disse à minha mãe que precisava de uma empregada de balcão.

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Estado das Coisas

"Estamos na fase de lançar todos os nomes que existem.
Desde que não sejam arguidos, qualquer um serve."

Manuela Ferreira Leite in Público

(sobre as eleições à Câmara de Lisboa)

(Des)confiança

Cada vez mais desconfio das pessoas muito dadas a determinada religião. Daquelas que a cada frase incluem um Ai Meu Deus ou Nossa Senhora, daquelas que vão à missa vezes sem fim, daquelas que dizem o Senhor está contigo, daquelas fazem jejum não sei quantas vezes por ano, daquelas que frequentam sessões, missões e outras comunhões. Cada vez mais desconfio de clérigos, freiras, papas e afilhados. Desconfio...
Há pessoas que têm preconceitos contra os pobres, os ricos, os pretos, os estrangeiros, os bonitos... eu tenho contra os religiosos, independentemente da religião. Porque me soam a falsidade. Que abomino desesperadamente.
Tenho tentado lutar contra este preconceito. Mesmo. Tenho tentado convencer-me a mim própria a manter o equilíbrio, que sempre defendo. Quando, em muitas outras situações, me dizem que determinada classe é assim ou assado, respondo sempre que alguns não podem comprometer o todo. Que não há regras sem excepções. Etc, etc., blablablá, blablablá...
E agora vejo-me a meter todos (ou a grande, grande maioria) no mesmo saco. Um saco sujo mas sempre perfumado de lavanda barata.
Ontem, este preconceito aumentou um bocadinho mais: tendo de apanhar um autocarro cuja fila era imensa, vejo um homem a, descaradamente, ultrapassar a pessoa que está atrás de mim, e depois a mim própria, colocando-se mesmo à minha frente como se não existisse mais ninguém. Quando o confrontei, pedindo-lhe educadamente para voltar ao seu sítio de origem, explicou-lhe que não me tinha visto. Ainda estive tentada a perguntar-lhe se sofria de alguma deformação visual, mas consegui combater a minha vontade de lhe partir a cara (eu sei que isto é conversa de gajo, mas é o que me apetecia fazer-lhe).
Mais tarde, já sentada no meu lugar, vejo o mesmo senhor, sentado à minha frente mas no banco oposto, a ler, inicialmente, a Bíblia e, logo depois, um livro sobre o Santo Agostinho. Deu-me um acesso de raiva tão grande... Coitadinho, tão religioso, tão bonzinho que ele é...
Como é possível não desconfiar?

Dúvida de fim-de-semana

Tomo um Guronsan

ou não tomo um Guronsan?

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Venus

Realização: Roger Michell


Intérpretes: Peter O`Toole, Jodie Whittaker,
Leslie Phillips, Richard Griffiths,
Vanessa Redgrave

Grã-Bretanha, 2006


A velhice vista de uma forma satírica, irónica, crua. Verdadeira.
A redescoberta do desejo.
O querer sexual e a impossibilidade de o concretizar.
Um quase regresso à infância.
Os devaneios de um velho.
Sábio e louco e delicioso...
Os arrufos. As mágoas.
O saber-se tão pouco depois de se ter vivido tanto.
As loucuras de quem já nada tem a provar.
A morte.




quinta-feira, 10 de maio de 2007

"E eu sinto que em meu gesto

existe o teu gesto

e em minha voz a tua voz. "

Fernando Pessoa

Constatações XXVI

Blogs que leio diariamente estão a fechar, um a um, dia após dia.
Começo a ficar deprimida...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Hoje sinto-me assim...



Warning:

Manter a distância de segurança adequada

Passagens

"- Mas qual é a virtude de uma verdade impopular, de tornar as coisas difíceis? Quando deixei o meu paciente esta manhã, ele disse-me: «Ponho-me nas mãos de Deus.» Quem ousaria negar que isso não seja também uma forma de verdade?
- Quem? - Agora, Nietzsche também se levantara e caminhava dum lado da escrivaninha, enquanto Breuer caminhava pelo outro. - Quem ousa negá-lo? - Parou, apoiou-se no espaldar da cadeira e apontou para si próprio. - Eu ouso negá-lo!
«Ele poderia - pensou Breuer - estar a falar de um púlpito, a exortar uma congregação. É claro, o pai fora pastor.»
Atinge-se a verdade - continuou Nietzsche - através da descrença e do cepticismo e não do desejo infantil de que uma coisa aconteça de certa maneira! O desejo do seu paciente em estar nas mãos de Deus não é verdadeiro. É simplesmente um desejo infantil e nada mais! É um desejo de não morrer, o desejo do eterno mamilo intumescido que classificamos como «Deus». A teoria da evolução demonstra cientificamente a redundância de Deus, embora o próprio Darwin não tivesse a coragem de levar as evidências até à sua verdadeira conclusão. Certamente, o senhor tem de entender que nós criamos Deus e que todos nós, agora em conjunto, o matámos."

Irvin D. Yalom in "Quando Nietsche chorou"

terça-feira, 8 de maio de 2007

Realizador: Mennan Yapo


Linda (Sandra Bullock) recebe a notícia da morte do marido. Quando acorda, no dia seguinte, o marido está vivo. E ambas as situações vão-se alternando entre o adormecer e o acordar, não se conseguindo perceber, pelo menos inicialmente, se isto só acontece na sua cabeça, se é fruto de pesadelos, ou se estamos face a um qualquer tipo de intuição. O nome do filme levou-me a presumir, acertadamente, que se tratava de uma premonição.
Embora a fórmula não seja nova nem, tão pouco, inovadora, o filme resulta, a meu ver. Consegue manter o suspense pretendido e, não obstante não tenha um final feliz, transmite uma mensagem de esperança. Ou, no mínimo, de continuidade...

Genialidade
















Paula Rego

(1935 - ...)

Constatações XXV

Adoro aquelas pessoas que, em vez de dizerem "câmara", dizem "cambra".

Show(zinho)

Situações como o desaparecimento da pequena Madeleine, há já 5 dias, fazem as delícias da nossa comunicação social. Abertura de telejornais, desde o momento do sucedido, com tempo crescente de antena. Hoje contabilizei 22 minutos sobre quase nada. Entrevistas a turistas no Allgarve, maioritariamente ingleses, que confirmam que o local é um paraíso, não sabem como aconteceu. Reportagens sobre reportagens passadas, pasme-se, não só nas televisões inglesas, mas um pouco por toda a Europa, segundo informação dos jornalistas que fazem a cobertura do acontecimento!!! E dá-se aquele ênfase, do tipo Estão a falar de nós! Por toda a Europa!!
Triste...

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Constatações XXIV

Os "trintas" deram-me serenidade e segurança
em doses que jamais pensei vir a ter.

Tesouro(s) de Portugal


ÓBIDOS






sexta-feira, 4 de maio de 2007

Amanhã

Amanhã é dia de ti.
De acordarmos, enroscados, despenteados, felizes pelo dia fabuloso de sol com o qual vamos ser brindados.
Amanhã é dia de almoçarmos na varanda, caída sobre a rua, que espreita as vozes que passam. Amanhã é dia de te abraçar e de beijar sempre que me apetecer.
Amanhã é dia de passearmos, sem pressas, sem querer ir a lado algum.
Olharemos as pombas, esvoaçando, penicando as migalhas de pão.
Amanhã a música chegará aos nossos ouvidos como de um outro continente qualquer.
Amanhã viajaremos de comboio.
Gosto tanto do seu balancear...
Pouca terra, pouca terra, pouca terra...
Amanhã sorriremos.
Sorrisos cúmplices que, por vezes, substituem palavras reciprocamente entendidas.
Amanhã dir-te-ei que te amo.
Amar-te-ei amanhã.
Amanhã.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Politiquices

Muito romântica a declaração de Carmona Rodrigues.
Quase quixotesca.

Um filme forte.

Mas que não me apaixonou.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

"Eu celebro-me a mim mesmo,


eu canto-me a mim mesmo."


Walt Whitman

Constatações XXIII

Podem gozar-me à vontade, mas adoro a Grace Kelly do Mika.
Tem um cheirinho de Freddie Mercury.
Há dias passei por um sítio onde, anos atrás, "habitei" durante muitas horas. Era uma tasquinha, bonita e acolhedora, onde nos juntávamos quando fazíamos gazeta às aulas: a jogar às cartas, aos dardos, a fazer desenhos nos cadernos, a fumar os primeiros cigarros, a conversar sobre tudo e nada com aquela força e certezas próprias da idade.
Os donos eram um casal alemão, simpático e acolhedor como a sua tasquinha. Tinham um São Bernardo lindo, pesado e calmeirão, cujo peso seria proporcional à sua necessidade de mimo.
Começamos a levar umas cassetes (sim, sou do tempo das cassetes) com música que os jovens ouviam na altura. Essencialmente rock. Num instante, a tasquinha ganhou fama e tornou-se num local de paragem obrigatória.
Com todo este sucesso o dono que, viemos a saber mais tarde, já tivera problemas de alcoolismo, voltou a beber. Muito. Meses depois a tasquinha fechou.
Há dias passei por lá. A tasquinha já não existe... E relembrei,com um aperto no coração, o quanto gostava daquele sítio e daquele amoroso casal alemão.
Espero que, onde quer que se encontrem, estejam bem...

+

E porque também se deve elogiar o que é bem feito, aplaudo o projecto levado a cabo pelo Ministério da Educação, conjuntamente com os Serviços Prisionais, que leva jovens a passarem um dia na prisão. Sem que tenham motivo para lá estar. Uma espécie de terapia preventiva, arriscaria dizer...

Estrela da Manhã

Numa qualquer manhã, um qualquer ser,
vindo de qualquer pai,
acorda e vai.
Vai.
Como se cumprisse um dever.

Nas incógnitas mãos transporta os nossos gestos;
nas inquietas pupilas fermenta o nosso olhar.
E em seu impessoal desejo latejam todos os restos
de quantos desejos ficaram antes por desejar.

Abre os olhos e vai.

Vai descobrir as velas dos moinhos
e as rodas que os eixos movem,
o tear que tece o linho,
a espuma roxa dos vinhos,
incêndio na face jovem.

Cego, vê, de olhos abertos.
Sozinho, a multidão vai com ele.
Bagas de instintos despertos
ressuma-lhe à flor da pele.

Vai, belo monstro.
Arranca
as florestas com os teus dentes.
Imprime na areia branca
teus voluntariosos pés incandescentes.

Vai

Segue o teu meridiano, esse,
o que divide ao meio teus hemisférios cerebrais;
o plano de barro que nunca endurece,
onde a memória da espécie
grava os sonos imortais.

Vai

Lábios húmidos do amor da manhã,
polpas de cereja.
Desdobra-te e beija
em ti mesmo a carne sã.

Vai

À tua cega passagem
a convulsão da folhagem
diz aos ecos
«tem que ser».

O mar que rola e se agita,
toda a música infinita,
tudo grita
«tem que ser».

Cerra os dentes, alma aflita.
Tudo grita
«Tem que ser».


António Gedeão

terça-feira, 1 de maio de 2007

É impressão minha ou anda tudo louco?

Bom dia!

Uma forma original de começar o dia (?) foi tomar o pequeno-almoço em casa, bem cedinho, com pessoas de quem gosto. Um lanche retemperador, após uma noite de conversas, dança, copos, risos e cigarros. Em que só se disseram baboseiras e em que nos rimos muito delas (ao final da noite - ou seria ao início do dia? - não se consegue melhor). E tive ainda que levar com a Rita, constantemente a queixar-se das minhas compotas light que, segundo ela, não sabem a nada. E depois... Huumm... e depois a minha deliciosa cama...