quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

A retroescavadora (e o seu efeito íman)

Descobri uma coisa muito interessante. Tudo começou assim:
O parque de estacionamento do meu local de trabalho está em obras. Retiram-se raízes de árvores por debaixo do chão, colocam-se umas luzes todas bonitas e modernas, mantém-se a (maldita) calçada à portuguesa! Ora, isso requer muitos trolhas, martelos e outros aparelhos da profissão que desconheço (ah, santa ignorância!). E requer também uma retroescavadora.
Assim, pude concluir que um local em obras com retroescavadora é um local de encontros. Ora se juntam os miúdos a verem a máquina em acção, ora são grupos de homens que, junto à mesma, mantêm amenas cavaqueiras. Durante todo o dia!! Dá a sensação de, durante este período, trocarem os bancos de jardim e as cartas pelo local da retroescavadora. Aí é que está a emoção!!
Nunca me passaria o tal pela cabeça mas, após uma semana de contínua repetição, dou este facto como quase cientificamente comprovado!
Está-se sempre a aprender...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Post natalício*




* Ou: O único post natalício deste blog

Actualidades

Ataque

"A Associação Sindical de Juízes considera que não pode haver crime de violência doméstica quando um casal é composto por duas pessoas do mesmo sexo.
Pedro Albergaria, um dos autores do parecer, citado hoje pelo "Diário de Notícias", considera que, não estando previsto no Código Civil o casamento de pessoas do mesmo sexo, não se pode estabelecer no Código Penal que a violência entre casais homossexuais constitua um crime específico dos relacionamentos conjugais ou paraconjugais. De acordo com este juiz, também "não está minimamente demonstrado que estas situações [de violência] existem", sendo que o legislador deve legislar sobre o que geralmente acontece e não sobre o que pode acontecer." (...)

Contra-ataque

"O coordenador da Unidade de Missão para a Reforma do Código Penal, Rui Pereira, discorda do parecer da Associação Sindical de Juízes e lembra que "há pessoas do mesmo sexo a viver em união de facto", uma situação que a lei já prevê, algo que Pedro Albergaria confessa não ter levado em conta no seu parecer." Se há violência nessa relação, a tutela jurídica não pode fechar os olhos", afirma Rui Pereira. "Além disso, o crime em causa envolve violência física e psíquica, e não é necessariamente o mais forte fisicamente que maltrata o outro. Aliás, por esse ponto de vista nenhum homem poderia apresentar queixa por levar pancada de outro homem em qualquer circunstância, ou uma mulher por ser agredida por outra mulher", esclarece ainda Rui Pereira."

In Público on line

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Quero ver os peixes a bailar

"Esta noite quero cantar
Dançar e voar
E, quero ver luzes muitas
Quero ser um pássaro.
Quero ver os peixes a bailar
E as ideias a gritar
Quero voar, voar até ver.
O mar pegar o fogo
O tempo incendiar até à luz
A luz me cegar e eu voltar para o meu lugar..."


Entre Aspas

Se...

Se Cavaco Silva admite que existe um "certo atraso" no julgamento do processo Casa Pia, será que podemos defender que uma mulher prestes a dar à luz sofreu um "certo atraso" no período?

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Inquietação

do Lat. inquietatione


s. f.,
estado de inquieto;
apoquentação;
excitação;
nervosismo;
preocupação;
sobressalto.

Círculos. Círculos. Círculos.
Tudo o que vejo são círculos.
Quadrados, rectangulares,
redondos também.
Ir e vir. Nascer e morrer.
Adormecer e acordar.
Partir e voltar.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Alguém me compreende...

Teresa Paiva, neurologista e especialista em medicina do sono, veio defender que se deve acordar depois das seis da manhã, considerando que quem acorda muito cedo tem mais probabilidade em ter um acidente de viação ou várias doenças. Diz a mesma que «O problema não é só o número de horas que se dorme, mas também as horas a que se acorda».

Finalmente!! Alguém que é entendido na matéria vem defender o que eu defendo desde sempre!!

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

As 7 maravilhas de Portugal

Está a decorrer a votação para se apurar quais são as 7 maravilhas de Portugal.


Aqui vai a minha lista:

Manel Cruz



Ricardo Araújo Pereira


Joaquim



Jorge Palma


Vítor Baía

José Fidalgo


José Mourinho





terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Adeus

Encontraram-se ao final da tarde. Era a hora do dia de que mais gostava. Quando o dia ainda não é noite e a noite já começou.
Entrou no café quase vazio àquela hora. Apenas um casal de idosos a beber chá e um homem, trinta e cinco anos talvez, a ler.
Viu-o na mesa do canto com vista sobre a rua. Engraçado, pensou, aquela seria a mesa que teria escolhido. Nunca gostava de se sentar no centro, onde fosse difícil não ser notada. Gostava de se sentar em mesas discretas, escondidas até.
Aproximou-se devagar, como se isso adiasse aquele momento. Pelo menos gostaria que assim pudesse ser.
- Estás bem? - perguntou-lhe, quando a notou.
- Preferia não estar aqui.
Sorriram um triste sorriso cúmplice.
Falaram de saudades que ainda não existiam mas que eram sentidas já. De momentos perfeitos que só ocorrem quando as pessoas se querem muito. Falaram das birras e amuos. Riam-se agora: como coisas tão graves ou importantes no passado são apenas brisa que corre lá fora. Tentaram suspender aquele momento. Deixá-lo ali, quieto, parado, presente. As horas passaram em minutos.
Quando ela sentiu que não ia durar muito mais olhou-o, bem no fundo dos olhos, e perguntou:
- Tens mesmo de ir?
Ele respondeu que sim. Não precisou falar. Baixou os olhos na mesa e acenou.
- Nunca vamos perder isto, pois não?
- Claro que não! Daqui a uns dias já cá estou - respondeu ele, com uma falsa certeza na voz.
Levantaram-se. Abraçaram-se. Forte. Tão forte...
E ele saíu. Sem olhar para trás.
E ela ficou a observá-lo pelo embaciado da emoção das despedidas. Sabia que nunca mais iria voltar a vê-lo.
O tempo deu-lhe razão...

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Hoje sinto-me assim...


Deixo-me cair bem fundo... Ou talvez só até ao fim de mim mesma...
Descubro-me o silêncio, apaziguado por lágrimas de libertação...
Fortes, incontidas, necessárias...
A tristeza parece-me o único sentimento existente no mundo... no meu mundo...
Enche-o de cinzento e de vazio e de solidão... De vontade de não ter vontade...
De nada querer... de nada esperar...
As horas passam como se não passassem... Como se o relógio me levasse para trás...
Mas depois... ainda que lentamente... depois de não ter o que mais chorar...
começo a levantar-me devagar... bem devagar... e sei que são estes momentos que me dão força para continuar a ser quem sou... De me levar eternamente a ser quem sou...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Batem leve, levemente,

como quem chama por mim...

Será chuva? Será gente?

Gente não é certamente...

E a chuva não bate assim...

Fui ver...

Era a porra da falta de inspiração!

Eu vou ser uma estrela de cinema

O realizador Lars Von Trier prometeu uma recompensa de 4.000 €, e um papel como figurante no seu próximo filme, a quem decifrar o enigma incluído em «Direktoeren for det hele» ("Director para tudo"), a sua última película.
Portanto, se no próximo filme do senhor virem uma mulher portuguesa, maravilhosa, qual Bjork saltitando de nenúfar em nenúfer... é porque sou eu!!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Constatações IX

Quando era mais nova imaginava que os velhos praticamente não cometiam erros. Porque tinham muita experiência... Hoje concluo que todos os velhos continuam crianças também: nas inseguranças, nos erros, nas dúvidas e ansiedades... E aí nunca o deixamos de ser, pois não?

"Jogo de Espelhos"...

... é o nome de uma reportagem de Margarida Metello, que a RTP transmitiu na 6ª feira passada (obrigada RTP; afinal ainda existem programas telivisivos de verdadeiro serviço público). A citada reportagem versava sobre a morte de Gisberta, atirada a um poço depois de ter sido espancada, no dia 22 de Fevereiro. Por um grupo de 13 menores.

Fiquei a saber um pouco mais sobre a vida de Gisberta, desde o tempo em que saíu do Brasil até ao seu auge, na década de 80. E, a partir daí, a sua dura decadência.

Fiquei a saber um pouco mais do B.I. destes jovens: pais alcoólicos, mães prostitutas e/ou toxicodependentes, maus tratos, falta de amor, etc., etc.

Compreendi porque é que aqueles jovens se comportaram assim, segundo os entendidos: eles fizeram aquilo que com eles, as pessoas que mais os deveriam ter respeitado (os pais) fizeram: maltraram-nos, desrespeitaram-nos, magoaram-nos. E fizeram aquilo a quem podiam ter feito: a alguém mais frágil do que eles, a alguém que deveria ser banido da sociedade, tal como eles. No fundo, a eles próprios. Daí o nome da reportagem...

Triste, não é?

Olhar-te nos olhos...

(sabes que nos teus olhos vejo o mar?)

Beijar-te com os olhos...

(sabes que é possível trocar beijos deliciosos só com o olhar?)
Aproveitei o fim de semana longo para ver filmes que há muito me pediam para ser vistos.

Hard Candy, de David Slade, é forte... muito forte... E labiríntico... "A personagem central deste filme de suspense é Hayley (Ellen Page), uma rapariga de 14 anos, inteligente, mas que comete um erro que pode ser fatal. Marca um encontro num café com um homem mais velho que conheceu na internet. Jeff (Patrick Wilson) tem 30 anos, é fotógrafo de moda, elegante, perspicaz e sedutor, mas Hayley não deveria ter-lhe sugerido que fossem para o apartamento dele...Uma vez lá chegada, a adolescente encontra uma garrafa de vodka e começa a fazer misturas. Pelo meio, sugere-lhe que faça uma sessão fotográfica e despe-se. Para Jeff tudo parece correr às mil maravilhas até ao momento em que começa a ficar com visão turva, sente as pálpebras a fecharem-se e adormece...Quando acorda está amarrado e completamente imóvel, com Hayley a querer que confesse os seus pecados. E é bom que o faça depressa, porque ela aprendeu muita coisa na internet e tem um plano... Dois actores confinados ao espaço de uma casa guiam (ou desorientam?) o espectador durante os 100 minutos que dura esta aventura. Afinal quem é a vítima aqui (se é que existe uma)?"



Breakfast on Pluto, de Neil Jordan, é um filme que podia ser canção. Porque é melodioso, livre. Perfeito nos compassos. Em que até os passarinhos falam. Não se pense, no entanto, que por isso é fantasioso ou superficial... Conta-nos a história de Kitten, uma mulher que nasceu homem, filha de um pai que é padre e uma mãe que a abandonou... E esta descrição já bastaria para deixar antever um drama complexo e choramingas... Nada disso... Este filme é muito mais do que isso... Uma lição de verdade e liberdade... E de coragem... E de beleza... E de vida... Obrigatório.