terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A não ver

INLAND EMPIRE

de David Lynch

(A não ser que se esteja com uma grande insónia
e não se queira recorrer a soporíferos)


Carlos Ademar é professor no Instituto Superior da Polícia Judiciária e Ciências Criminais tendo sido, durante anos, investigador criminal na Secção de Homicídios da PJ.
Terá sido certamente dessa experiência que lhe saíu este romance, sobre o mundo das drogas, mulheres, influências, armas. Poder-se-ia dizer que aconteceu no Porto, mas não, foi em Lisboa. Poder-se-ia dizer que as personagens foram inspiradas no gang da Ribeira. Não, o livro foi editado antes. Poder-se-ia dizer que se move à volta de Bruno Pidá. Também não, Alberto Lima é o seu nome.
Embora não seja um mimo literário, às vezes um pouco incongruente, levou-me a contactar com uma realidade para mim pouco conhecida, e a perceber que o caso do gang da Ribeira é a conhecida repetição de muitos casos que se passam por este país fora. Basta juntar os corpos grandes fermentados nos ginásios, alimentados a substâncias químicas, a procura de dinheiro fácil e poder, os jogos de influências, os esquemas bem sucedidos, os códigos de conduta, o demarcar do território, o matar se convier.
Eventualmente, se as coisas correram de feição aos líderes naturais destes grupos, não será difícil cada um de nós conhecer um deles, agora transformado em benemérito da sociedade.

Este blog tem andado assim:

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

E ainda:

A trabalhar

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Delírios

- Gostas?
- Por vezes... há dias que sim e dias que não...
- Não gostas às vezes? És homem, raios! E todo o homem que se preze gosta sempre! Mais até do que a mãe!
- Pois... talvez tenhas razão. Mas eu não gostava tanto assim da minha mãe. E ela já morreu.

A ressaca

Após um dia em que todos nos querem convencer que é lindo o amor, após as incontáveis músicas românticas de fazer chorar baba e ranho, dos corações colados em todas as montras, das rosas vermelhas, verdadeiras, de chocolate, plástico e até cartão, dos casais que fazem deste um dia muito bonito quando se esquecem disso no resto do ano, das serenatas dos dias modernos, dos poemas, das flores, do ar consumista de Natal, sabe muito bem voltar à normalidade. (Se possível, com muito amor.)

Gostos

Esta manhã tomei o pequeno-almoço numa pastelaria vizinha ao meu local de trabalho: uma meia de leite e uma sandes de manteiga e queijo. Um senhor já de certa idade decidiu fazer o mesmo que eu: pediu uma cerveja preta e um prato de batatas fritas.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Hoje sinto-me (quase) assim...


"Finalmente as boas notícias! Em todo o mundo, o petróleo está a subir e os empréstimos estão hiper-restritos. A economia americana estará, em breve, em recessão, o dólar em baixa e as Bolsas em crise. O cenário é preocupante. Mas isso é lá fora. Na Europa, o oásis fica junto ao Atlântico. Exactamente, mesmo que lhe possa parecer que Portugal vive em crise, que os funcionários públicos não têm aumentos reais há anos e que, perante a recessão no resto do mundo, a situação económica pode ficar ainda mais grave por cá, o Governo tem boas notícias para si. Segundo as previsões oficiais, a economia vai crescer em 2008. Melhor: vai crescer mais do que no ano passado. Melhor ainda: é a única da zona euro que conseguirá a proeza. Melhor mesmo: cresceremos mais do que os Estados Unidos, a Alemanha e a Itália e quase ao nível do Reino Unido e de França.
Agora que já não tem mais fôlego para comemorar a sorte de ter José Sócrates como primeiro-ministro e o PS no Governo, trate de espalhar a boa-nova. Faça um serviço patriótico e conte as novidades aos 444 mil desempregados, aos professores que perderam 12% de poder de compra nos últimos oito anos, aos milhares de famílias que não têm dinheiro para pagar os empréstimos ao banco.
Acredite na boa-fé de quem o governa. Assim, está a dar-lhes mais força para os próximos tempos e sempre consegue esquecer-se de tudo o resto: o País que realmente existe, longe dos sonhos dos outros."

In Editorial da Sábado