terça-feira, 25 de julho de 2006

Migrações

Não pretendo ser (muito) politicamente incorrecta. Nem tão pouco chocar ninguém. Mas tenho de perguntá-lo: porque é que a maioria dos emigrantes do nosso país não passa férias no país de acolhimento, ou num outro qualquer longe daqui?
Estas são algumas das preciosidades que tenho ouvido desta espécie muito particular: “Tá tudo bem. Yaahh, chegamos há três dias. Yaahh, a viagem correu bem. Of course!!”; “Estamos de vacances. Ruth Cristinneeee vem ici à tua maman. Rápido antes que leves dois pares de estalos nesse focinhooooo!!”; e ainda conversas em volume máximo sobre este que acabou de passar, olha, olha, que é filho da D. Ana, aquele que era amante da Susana lá da vila que depois fugiu com o António da Srª. Carmélia, que Deus a tenha que era tão boa mulher e que não merecia isto!!
Além disso, tem-me sido concedido o privilégio de ver um ou outro exemplar do sexo feminino vestido, nomeadamente, com mini-saia verde, sandálias vermelhas, camisolinha amarela e, para compor, as unhazitas pintadas de rosa choque e, claro, lascadas para dar aquele toque especial; finalmente, o cabelo num amarelo muito feio com enormes raízes pretas, composto com a molazita de plástico. Fantástico!!
E fico-me por aqui, não vão pensar que tenho alguma coisa contra os emigrantes. Não tenho (pelo menos em relação àqueles que, depois de emigrarem, não se transformaram em aves raras), mas será que não podiam passar férias longe? É que durante o ano inteiro já tenho de levar com as suas grandiosas obras de arte a que os mesmos chamam de casas…

sábado, 22 de julho de 2006

E porque hoje me apetece recordar filmes...


Filme que nos dá a conhecer os destinos das pessoas que viviam na Residência Espanhola (quem não se lembra desse filme maravilhoso?), após o fim da faculdade.

Cada um segue o seu destino e voltam a reencontrar-se para um casamento.

Não é tão engraçado como o primeiro mas não deixa de ser obrigatório vê-lo: relata as relações, emoções, dúvidas, medos, erros de jovens adultos.

Permite revermo-nos a nós próprios.

O atentado de Mombai

«O recente atentado aos comboios da cidade indiana de Mombai, com o seu cortejo de centenas de mortos e feridos, ganha o prémio da indiferença selectiva. Não sei qual é o critério a que escapa a este atentado para ser tão ignorado: número de mortos e feridos bastante, estratégia puramente terrorista de atingir civis indefesos para gerar fenómenos de medo colectivo e dar um "sinal" aos "cruzados" do lado hindu. O mesmo que aconteceu em Nova Iorque e em Madrid. E é exactamente o mesmo, só que do outro lado da "guerra das civilizações", do lado hindu. Assim ninguém quer saber. Ou melhor não quer saber porque não convém. Criminoso de guerra é Bush e bárbaros são os americanos, logo tudo o resto é a esta luz que se vê. Ou melhor, não vê.»

Pacheco Pereira in Sábado

Frase do dia

"A Síria precisa dizer ao Hezbollah que pare com toda essa merda".

Autor: George Bush, durante o almoço de encerramento da cimeira do G8, desconhecendo que os microfones estavam ligados.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão Ferreira
«QUANTAS VEZES NAS NOSSAS VIDAS DEIXAMOS DE DIZER
"AMO-TE", "FAZES-ME FALTA",
"FAZES-ME FELIZ", "É DE TI QUE EU GOSTO",
"FICA MAIS UM POUCO"?

QUANTAS OPORTUNIDADES PERDEMOS POR TIMIDEZ,
EXCESSO OU ORGULHO?

COMO DIZIA CHAPLIN: "A VIDA É UMA PEÇA DE TEATRO
QUE NÃO PERMITE ENSAIOS."

POR ISSO CANTA, RI, DANÇA, CHORA
E VIVE CADA MOMENTO DA TUA VIDA
ANTES QUE AS CORTINAS SE FECHEM
E A PEÇA TERMINE SEM APLAUSOS.
SÊ FELIZ!» *

(* SMS's enviada por uma amiga.)

Para ler todos os dias ao acordar.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

À Fiona

Este texto é também para ti!
Sei que a vida é feita de altos e baixos. Que cá se fazem, cá se pagam. Que Deus escreve direito por linhas tortas. Que não há mal que sempre dure. Que a vingança é um prato que se serve frio. Que todos os santos têm o seu Natal. E podia continuar, com uma série de ditos populares que, malfadadas excepções, batem sempre certo.
Mas por vezes é difícil compreender porque temos de lidar com determinadas situações. Porque é que somos confrontados com elas sem o ter pedido ou sequer desejado. Porque é que elas tinham que acontecer connosco. Porquê, porquê, porquê?
E levamos a vida com esses percalços às costas, a pesar-nos, sem nunca compreender... E vamo-nos fortalecendo, crescendo, aprendendo, com tudo o que isso tem de bom e de mau. Habitua-mo-nos, até, a viver com esse peso morto que não sabemos de onde surgiu.
E um dia, um dia como os outros, algo de bom acontece. Algo de muito bom acontece. Quase que juraria que aconteceu para me explicar o que até aqui não tinha entendido. Quase que juraria que tudo o que aconteceu era obrigatório porque me transformou na pessoa que sou hoje.
Compreendo agora, como sempre quando a justiça age, que as coisas nos acontecem porque têm de acontecer. Porque são esses acontecimentos imprevistos que nos fazem ganhar o que muito necessitamos na vida: experiência(s).
Hoje, o mundo provou-me (uma vez mais) que o meu caminho se cumpre. E cumpre-se como sempre acreditei (com dificuldades por vezes) que se devia cumprir.

Hoje sinto-me...


PiNtAdA

dE

fReScO

terça-feira, 18 de julho de 2006

- Mudei muito. Não sou a pessoa que um dia conheceste.
- Sim... Mas não podes ter ficado irreconhecível. Tens de ter ainda um pouco de ti!
- Não nos víamos há ... aaahhh... seis anos?
- Seis anos.
- Como podes então ter a pretensão de achar que ainda sou eu?
- Conheces-me?
- Não.
- Então porque é que insistes em tratar-me como se me conhecesses?

segunda-feira, 17 de julho de 2006

E porque hoje me apetece recordar filmes...


Adorei este! É leve e divertido.
Conta com a participação da "nossa" Lúcia Moniz.
A banda sonora é excelente.
Hugh Grant leva-nos a querer um primeiro-ministro assim.
Nunca um hit de Natal foi tão sedutoramente "cantado".
Logo no genérico me emocionei
(lembram-se das despedidas e reencontros no aeroporto?)...

Recomenda-se: A ver ou rever num Domingo à tarde
(de preferência se o/a espectador(a) estiver de ressaca).

...

Acordas com a má disposição de quem se acabou de deitar. Olhas-te ao espelho e vês a mulher de todos os dias. A cara de todos os dias. O cansaço de todos os dias. E de todas as noites. Diriges-te à cozinha e preparas o teu pequeno almoço. Que, possa embora ser muito diferente, te sabe sempre ao mesmo. Ou melhor, que a nada te sabe.
Sais de casa, entras no carro, vais trabalhar. Passa por ti, como sempre, a paisagem linda que tens a sorte de te rodear. Não a vês sequer. Acho que fazes questão de não a ver, de não a sentir, para que assim não te possas dar esse pequeno privilégio.
Ai... lembras-te agora que te dói a cabeça. Ontem doía-te a barriga. E amanhã, já sabes, vai doer-te outra coisa qualquer.
Passa-te o dia a correr. Mecânico. Perdes a noção dos minutos pelo meio dos papéis. Acho que é a parte do dia que mais gostas. Aquela em que não te lembras que és alguém, que é suposto seres alguém.
Voltas a casa ao final do dia. Passou-te a dor de cabeça mas sentes-te pesada, cansada. E amanhã, já sabes, vais sentir outra coisa qualquer. Dás um jeito à casa, à roupa, ao jardim. Preparas o jantar. Tomas um banho para relaxar. Jantas só. Metida com os teus pensamentos de solidão. Alegras-te um pouco porque daqui a nada estás sentada no sofá a ver as tuas novelas. Choras, ris, sofres com as vivências difíceis das personagens. Emocionas-te com o beijo quente de uma paixão sempre adiada. Odeias a mulher maquiavélica que faz o mal para seu bem.
Como é possível viveres assim? Como consegues?
Vives uma não-vida. Ou não a vives? Sei lá... Sei apenas que não existes por medo. E sei também que são as novelas e as vidas dos que te são mais próximos que enchem a tua vida. Vibras com os seus sonhos e ilusões. Choras com as suas desilusões...
E tu? Quando vais começar a preencher-te com a tua vida? Qual vida?
Acho que nunca amiga... E custa-me tanto porque gosto de ti...
Acho que nunca... amiga.

terça-feira, 11 de julho de 2006


(Só até a proprietária reencontrar as palavras que o caminho lhe roubou.)

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Para ti...

Existem dias
em que,
por muito grande
seja
a necessidade de escrever,
de dizer,
de soltar...
...a alma fecha-me
o coração à chave
proibindo-me
de o fazer...

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Constatações

Odeio pessoas FORRETAS!!!

(Não a totalidade da pessoa em si,

mas esse DESVIO de personalidade)

Os trintas (II)

Quando tinha 15 ou 16 anos, lembro-me de imaginar que aos 30, seria casada, talvez com filhos, com uma vida completamente organizada e estável.
Nada disso aconteceu. Continuo solteira, sem filhos, com uma vida agradavelmente instável dentro da estabilidade possível.
Lembro-me de pensar que aos 30 devia usar fatos de saia-casaco no trabalho (que horror!!!). A maioria dos dias venho trabalhar de calças de ganga!
Lembro-me de pensar que aos 30 seria muito adulta! Continuo uma criança adorável!
Que as discotecas já não seriam para mim... Puro erro!
Que, que, que... muitas coisas mais...
E é muito bom chegar aos trintas com muita sede de viver, com muita curiosidade, com instabilidade também, com a noção de que sei muito pouco e que quero sempre aprender...
E, principalmente, é muito bom chegar aos trintas sabendo que as coisas não são como pensava que eram, que a vida nos troca as voltas a seu bel prazer, sem nos avisar.
Quando tinha 15 ou 16 anos, lembro-me de imaginar que aos 30 a minha vida seria uma seca!!
NÃO O É!!

Os trintas (I)

Apesar de me sentir muito jovem, há coisas que me fazem não esquecer que estou nos trintas!! Ontem, enquanto ouvia uma qualquer estação de rádio, passou uma música dos anos 80 de Chris de Burgh, e eu deixei-me ficar a ouvi-la!!!
Não se pode ser perfeita...

quinta-feira, 6 de julho de 2006

O presente voa-me das mãos como se já fosse passado.
Ainda que não o seja.
Será?
O futuro nunca fica muito tempo por cá...
Esvai-se entre um sopro de vento frio e célere...
Fugaz...
Resta-me o passado que já passou.
Que está já enterrado ou quase a sê-lo.
Pode ainda ser alterado.
Pelo presente que já não o é,
pelo futuro que já é presente,
que já passou...

O dia seguinte

Só me ocorre dizer:

#*?»!%0##}:# *

(* Tradução livre)

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Ansiedade


do Lat. anxietate

s. f.,

dificuldade de respiração;
opressão;
angústia;
inquietação de espírito;
desejo veemente;
impaciência.

Se a minha entidade patronal fosse inteligente...

...(ainda que a mesma não seja perfeitamente individualizada), tinha-me dispensado do trabalho esta tarde. Sempre não consigo fazer nada de jeito... (embora vontade não me falte, claro!!!)

terça-feira, 4 de julho de 2006

Sabemos tão pouco uns dos outros.

Estamos praticamente submersos,

como icebergs,

com o nosso lado social projectando-se branco e frio.”



Ian McEwan in "Amsterdam"

Acordei, devagar, à medida que o sol me ia aquecendo o corpo nu.
Não queria ter de abrir os olhos. Não me apetecia ver a beleza do quarto, naquele momento. Desejava apenas senti-la...
Quentinha, a encher-me a alma nua. De tudo e nada...
Daquele suave torpor...
Apalpei a cama vazia à tua procura. Não estavas. Já não estavas.
Mas continuavas lá (aliás, como continuas em todos os momentos da minha vida ainda que não estejas...). Sentia-te o cheiro, o toque, a respiração... Sentia-te meigo por entre o sol a entrar...
Abri os olhos, muito a custo.
Tinhas aberto as janelas e deixaste o som dos pássaros e das árvores entrar.
Como é bom assim acordar...

O Efeito Avestruz

Venho-me apercebendo, cada vez com mais convicção, de que a maioria das pessoas, tal como as conhecíamos até uns atrás, estão a desaparecer. Estão a desaparecer conceitos como solidariedade. Ajuda. Amizade. Entrega. Observo que vive cada um para si e em função de si. E se existem comportamentos para com o outro será porque isso, de alguma forma, trará um qualquer benefício. Porque não se pode fazer nada sem receber o correspondente de volta: isso custa e dá muito trabalho!!

Concluo também que as pessoas (a maioria, que nunca se pode generalizar de uma forma radical) , estão a desaprender de conversar. E nem falo das crianças que, em vez de jogarem às escondidas, passam horas a jogar Playstation. Não falo das jovens que, em vez de brincarem com as amigas às festas, ou ao que seja, preferem os chats.
Refiro-me essencialmente à falta de coragem para conversar. Se existe um qualquer problema ou desentendido, por exemplo, entre amigos (não estarei a usar uma palavra demasiado forte?), qual é a coisa correcta a fazer? Hoje já não é conversar e tentar resolver as coisas pela sua forma mais simples e mais séria (tenho saudades do tempo em que as coisas se resolviam assim...). Não, o melhor é desaparecer durante uns tempos... ou fingir que nada aconteceu... ou... enfim... adoptar o que, tão tristemente, designo de Efeito Avestruz.
Que saudades eu tenho dos tempos em que se conversava...

sábado, 1 de julho de 2006

Só uma coisinha...

GANHÁMOS

(Afinal são duas coisinhas: Apesar de ser portista de corpo e alma, e de sempre me ter feito um bocadinho de confusão aquela história do Baía, tenho de dizê-lo: Viva o Ricardo!!)