segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Se te sinto tanto assim é porque o desejo.

Porque me deixas desejá-lo.

Porque me levo a ti.

Em ti.

Porque me carregas sem dor.

Porque é assim.

E é assim que deve ser.

Se o desejamos.

E nós desejamo-lo.

A ver *


(*Não aconselhado a pessoas facilmente impressionáveis.

Nem a quem continua a não querer ver

a realidade como ela é.)

Constatações XIII

Queria tanto escrever sobre algo que acabei por esquecê-lo.

Facto

O grau de estupidez de algumas afirmações sobre o aborto é inversamente proporcional ao tempo que falta para a realização do referendo sobre a sua despenalização.

Exemplificando:

"Os cristãos que vão votar «sim» no referendo serão alvo de excomunhão automática, a mais pesada das censuras ecesiásticas." - Tarcísio Alves, padre de Castelo de Vide in Diário de Notícias

"Se o «sim» vencer, o aborto vai tornar-se uma coisa normal, é como ter um telemóvel." - João César das Neves in Público

E um pouco de bom senso, não?

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

E porque hoje me apetece... (recordar)

My name is Luka
I live on the second floor
I live upstairs from you
Yes I think you've seen me before

If you hear something late at night

Some kind of trouble. some kind of fight
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was

I think it's because I'm clumsy

I try not to talk too loud
Maybe it's because I'm crazy
I try not to act too proud

They only hit until you cry
And after that you don't ask why
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore

Yes I think I'm okay
I walked into the door again
Well, if you ask that's what I'll say
And it's not your business anyway
I guess I'd like to be alone
With nothing broken, nothing thrown

Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am

Suzanne Vega

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Só uma coisinha


(Para ti, K.)


de Alejandro González Iñárritu

Se Babel fosse um livro, era-o de contos. De vidas distanciadas. Pelo espaço e pela forma. O filme não tem um fim. Nem uma moral. Percorre apenas momentos cruciais de existências. Que, sem se tocarem, se tocam. É também sobre consequências: até que ponto um acto praticado por alguém pode condicionar a vida de outro. Sem que qualquer um deles tenha disso noção. Uma visão, quanto a mim, deliciosamente crua de realidades.

(Nota: Até de bigode Gael García Bernal fica bem! Tinha de o dizer...)

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Hoje sinto-me assim...


A noite

A noite não é tão escura assim. Nem tão fria quanto possa parecer.
É quente, convidativa. Suave, aconchegante. A noite não é noite. É dia que escureceu.
Há sons ao meu redor. Constantes. Já não os ouço.
A escuridão respira-me ao ouvido. Grita! Sussurra-me uma melodia de embalar. Sonha e acorda. Sente medo porque se sabe incompreendida. Porque se mostra assustadora quando, no entanto, é luz em mim. É carícia ausente, é um choro... risonho... de amor.
É mil toques diferentes: áspera, suave, sedosa, dura, rugosa. É o que eu quiser que seja.
A imaginação é escura. Porque fechas os olhos e vais onde as tuas pernas imaginam que te levam.
O amor é escuridão. Porque te transporta ao mais fundo de ti, onde a luz não entra, e te faz descobrir. Vasculhar.
A escuridão é suave. Mantém os olhos fechados e deixa que ela te invada como uma doença terminal. Já está escuro? Perde o medo então (se deixares, o medo come-te). Vê como é bela. Sente-a gotejar. Molhar-te. A mover-se dentro de ti.
E volta a despertar... abre os olhos devagar, profundos, serenos de luz...
Boa noite.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Genialidade

"No fundo, um escritor é um bocado um ladrão, um gatuno de sentimentos, de emoções, de rostos, de citações. Um livro é sempre feito de pequenos roubos com a vantagem de não sermos condenados (...)."


"(...) penso no absurdo de escrever. De estar a escrever quando podia estar com os amigos, ir ao cinema, ir dançar que é uma coisa de que gosto... mas não, um tipo está ali e é um bocado esquizofrénico. (...) Há sempre uma parte subterrânea nas obras de arte impossível de explicar. Como no amor. Esse mistério é, talvez seja, a própria essência do acto criador. (...) Quando criamos é como se provocássemos uma espécie de loucura, quando nos fechamos sozinhos para escrever é como se nos tornássemos doentes. A nossa superfície de contacto com a realidade diminui, ali estamos encarcerados numa espécie de ovo... só que tem de haver uma parte racional em nós que ordene a desordem provocada. A escrita é um delírio organizado."


"No fundo o que é enlouquecer? É sair de uma determinada norma, não é? É preciso muita coragem para se ser realmente louco."


António Lobo Antunes

Divagações bloguísticas


Um blogue pode ser equiparado a uma relação de amor. No sentido de que o outro da relação tem de ser acarinhado, sentir-se amado, para que a mesma saia fortalecida a cada passo. Assim, como sujeito activo desta relação blog - autora, hoje cultivo-o com muita dedicação.

Constatações XII

Estou irritadamente cansada de ouvir falar em aborto, em Bush, em Saddam...

P.S.: Porque é que terei eu feito (de uma forma absolutamente inconsciente, claro!!) esta associação?

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Coisas

Podia definir a vida como a soma de coisas e coisas e mais coisas. Porque elas estão sempre a suceder-se (sucessivamente) e preenchem os vazios deixados por nós.
Sinto que tudo o que me acontece (sejam ou não coisas) surge com um determinado fim. Um propósito. Ainda mesmo que não me seja deixado qualquer arbítrio. Ainda mesmo que não tenha concluído o processo de reflexão que me permite olhar para as coisas com a distância e clareza necessárias a uma análise. Ou resultado. Ou conclusão.
Se as coisas acontecem sei que amanhã (ou depois, ou mesmo depois) vou saber porque é que elas aconteceram. Vai justificar-se a sua existência. E vou concluir, já o sei, que se as coisas aconteceram daquele modo era porque esse era o caminho mais certo de entre os possíveis. Porque é o que acabo sempre por concluir, embora às vezes não com tanta facilidade. Ainda que agora sejam apenas fragmentos (de coisas). Inacabados. Incertos.
São simplesmente coisas.

"Se uma voz nos diz que é viver em vão
P’ra que raio fiz eu esta canção
E se o fim é certo
Eu quero estar cá amanha
E não foi assim que o tempo nos fez
E fez assim com todos nós
E não foi assim que a razão nos amou
E fez assim com todos nós
São coisas
São coisas
São só coisas
São coisas"

Ornatos Violeta

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

E porque hoje me apetece...

... expandir a minha alegria sem que a expanda demasiado...

YES

YES

YES

YES!!!

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Aditamento ao post anterior

Lembrei-me agora que também pode ter acontecido o seguinte: algum assessor do presidente (danado para a brincadeira, como se vê) entregou-lhe este discurso e ele, que não percebe muito de inglês, limitou-se a ler arcaicamente o seu conteúdo. É uma hipótese...

Notícias da Índia

Na Índia, o presidente de todos os portugueses afirmou hoje (em inglês, sublinhe-se) que o «Portugal do Século XXI» é «um país empreendedor, confiante em si próprio» e que é capaz de «se afirmar como país de oportunidades». E eu pergunto: Senhor presidente, tem andado com a cabeça onde? Marte? E poderá relevar-nos onde estão escondidas tais oportunidades? É que o povão tem-se fartado de procurar e não encontra nada!!
E ainda acrescentou (em inglês, sublinhe-se novamente) que «Fazendo parte do grupo de países fundadores da zona euro, Portugal beneficia de fortes padrões de disciplina e estabilidade financeiras e de um clima macroeconómico e regulamentar favorável ao investimento estrangeiro». Das duas uma: ou o nosso presidente está a ficar louco (uma tendência, essa sim, com um clima macroeconómico muito favorável) ou, como a Índia é muito longe, pensou que não faria mal inventar umas mentirazitas a ver se cola.

Constatações XI

Detesto:

. A falta de respeito
. A incompetência
. Tentarem dar-me a volta quando sei que tenho razão

Como dizia o Miguel Esteves Cardoso (e aqui, adapto à - minha - realidade profissional), o trabalho é fodido.


"O amor é um egoísmo a dois."

Madame de Stael

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Saudade

Faz-me falta o Verão. Azul.

Tenho saudades dos dias passados à beira-mar. De mergulhar e chapinhar na água, sentindo-me não mais do que com cinco anos. De comer melancia e melão.
Tenho saudades do calor intenso. E de dizer com ar de enfado Ai que calor quando, na realidade, adoro senti-lo!! E dos risos condicionados pela estação. E das minhas havaianas...
Sinto falta das noites quentes e das esplanadas cheias. Da brisa suave que quase nada arrefece mas que me faz sentir bem. De beber uma cerveja a olhar para o ocaso.
Que saudades dos churrascos, de me deitar na relva, dos passeios de bicicleta, das mangueiradas...
E continuava... sem conseguir terminar...

Faz-me falta o Verão. Azul.

Imperdível é...

...o "Vai tudo abaixo", com o fantástico Jel.

"Wanderley é o brasileiro que vem fazer um documentário sobre Portugal mas detesta o nosso país, o black-skin percorre as ruas numa cruzada xenófoba estranha- dada a sua origem africana – e com a câmara escondida a registar, o Carlinhos é o machista-gay, Miguel Martins apresenta as ideias mais hilariantes e irracionais para o país, os «homens da luta» pararam no tempo e manifestam-se contra o grande capital como se vivessem o PREC, o Ruce desce baixo, mesmo baixo - às vezes fica de joelhos -, para manter o vício do «cavalo», o Ludgero, de etnia cigana, vende armas, droga e ouro a incautos transeuntes - de novo a câmara escondida -, José Manso vende caixões e tira as medidas a possíveis clientes em plena rua, o tarado sexual faz amor com os objectos mais inesperados, de marcos do correio a cabines telefónicas e até elevadores, o crítico de cinema é cego e pede a opinião dos espectadores à porta das salas de cinema para depois poder escrever as suas críticas... "

Horário:
4ªs. feiras pelas 23h00 (com repetição aos Domingos - às 00h00 - e 3ªs. - à 01h00) na SIC Radical

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Anorexia

MAIS UMA




Constatações X

Não gosto da palavra "camilha". Mesmo nada. Aliás, quando a pronuncio tenho dificuldades em aceitá-la como palavra.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Mais música*


* (não necessariamente boa para os meus ouvidos)

Segundo o Diário Digital de hoje, a BBC confirmou que se encontra em conversações com Morrissey para que o cantor represente a Inglaterra no Festival da Eurovisão.
Acrescenta-se ainda que, em 2006, o músico disse não ter ficado surpreendido com a má prestação do seu país, lamentando não ter sido convidado.
Parece que foi desta que lhe fizeram a vontade...
Morrissey, Morrissey, desiste, filho, e volta, que estás perdoado...

Muitos parabéns Sr. Bowie

60 é o número mágico de David Bowie

O mestre da reinvenção já foi Ziggy Stardust, Aladdin Sane ou Thin White Duke. A partir de hoje, David Bowie é um respeitável senhor de 60 anos de idade.
Mas não se pense que a data o intimida. Cada vez mais o rock é coisa de gente adulta e David Robert Jones, de seu verdadeiro nome, nascido a 8 de Janeiro de 1947, em Brixton, Inglaterra, sabe-o muito bem. Sabe-o tão bem que é possível dizer-se que nunca gerou tanto capital como nos últimos anos. Estima-se que o cantor valha na actualidade quase 180 milhões de euros e que a sua última digressão, a Reality Tour, tenha gerado mais de 40 milhões. Hoje, Bowie não tem planos para festejar a data. Limitou-se a dizer à imprensa que ficará em casa com a família. Mas os fãs é que não estão pelos ajustes e preparam-se para uma noite de arromba. Em cidades como Londres, Milão, Berlim, Roma ou Tóquio está prevista uma série de concertos que assinalam o aniversário, e todos contarão com a presença de uma série de bandas de homenagem. Nos próximos meses, o cantor prepara-se para mais desafios, depois de em 2004 ter abrandado com as lides discográficas e suspendido mesmo uma série de concertos devido a complicações cardíacas. "O último ano foi fantástico - andar a pé de manhã, ver filmes à tarde e à noite ouvir novas bandas foi a minha cura", disse recentemente. Mas foi um descanso activo, porque não deixou de apadrinhar bandas que estavam no início, como aconteceu com os canadianos Arcade Fire ou com os americanos Clap Your Hands and Say Yeah, que se viriam a revelar fenómenos de sucesso. O seu próximo projecto é a curadoria do festival High Line, que se realiza já em Maio, em Nova Iorque, e que culminará com um grande concerto ao ar livre da sua autoria. Apesar de ter feito, nos últimos anos, algumas aparições em concertos como convidado (Arcade Fire e David Gilmour), será o seu primeiro concerto dos últimos três anos. O evento incluirá música, mas também performance, artes visuais, cinema e acções nocturnas, numa mistura de novos talentos e consagrados. Apesar de ainda não ser oficial, tudo indica que o criador de êxitos que atravessam gerações como Heroes, Space Oddity, Ashes to Ashes ou Let"s Dance deverá lançar também um novo álbum lá para o final do ano, seguindo-se uma digressão. O que é mesmo certo é a reedição de cerca de 17 álbuns de uma longa carreira iniciada em 1967 com um homónimo longa-duração. Ao contrário de outras estrelas da sua geração, como Paul McCartney ou Elton John, Bowie nunca investiu em propriedades pelo mundo fora. Segundo o jornal The Independent, possuirá apenas terrenos na zona de Nova Iorque, onde tenciona construir uma nova casa, e um apartamento, em Manhattan, que partilha com a sua mulher, a ex-modelo Iman, e a sua filha mais nova, Alexandria, mais conhecida por Lexi. Hoje há festa lá em casa.”

In Público on line


segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Apontamentos televisivos

1. Tento, durante o fim de semana, concentrar-me em alguns programas informativos ou sobre actualidade. Não consigo fazê-lo por mais de 5 minutos: explosões, feridos, palavras de revolta, mortes, casas e cidades destruídas, ódio, fome e o rol de sinónimos já nossos conhecidos que nunca vão acabar.

2. A RTP 1 (canal que prezo pela sua qualidade em relação aos canais privados nacionais) descobriu uma nova forma de audiências fáceis, pelo que pude constatar no Telejornal de ontem: agora, mais importante que os feitos dos participantes do Dakar é a coragem e a audácia dos espectadores que ajudam os concorrentes a salvar-se de uma grande alhada (um atolamento, um problema de mecânica, enfim que por isto só passa quem por lá anda)!! E era ver os heróis nacionais tão orgulhosos... Não os critico a eles, mas aos jornalistas que deviam ter mais com o que se preocupar... Enfim, mais um grande acontecimento para a série "Portugal no seu melhor"...

Sem título

E de repente a porta fecha-se.
Na minha cara.
Agredindo quase duramente como só uma porta a fechar-se sabe bater.
Mas sem me concretizar a agressão.
Abre.
Fecha.
Abre.
Fecha.
Já me tinha esquecido que as portas se abrem e fecham.
Ou o contrário.
Já me tinha esquecido de que, por vezes, as portas se encontram apenas entreabertas.
Ou fechadas esperando que uma boa alma as abra.
Já me tinha esquecido qual a função das portas.
Não meros objectos decorativos.
Elas abrem e fecham.
Fecham e abrem.
Fecham e abrem.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

"O vinho é o melhor lugar

para se encontrar com os amigos."

Carlos Arruda

Hoje sinto-me assim...

(O caminho está delineado, traçado com linhas transparentes e garatujas indefinidas. Apresenta-se perante mim mas não é certo nem sabido. Aguardo pelas respostas que só o futuro me poderá dar. De bandeja. Espero, de braços abertos e coração esperançado, a concretização do que me foi dado a provar. Espero saboreando o incerto sabor do triunfo.)

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Genialidade

"(...) o que penso ou escrevo hoje é do eu de hoje; o de amanhã é livre de, a partir de hoje, ter sua trajectória própria e sua meta particular. Mas, se quiserem pôr-me assinatura que notário reconheça, dirão que tenho a coerência do incoerente e a originalidade de não me importar nada com isso."

Agostinho da Silva in «Agostinho da Silva - Uma antologia»

(Paulo Borges, 2006)