quinta-feira, 10 de julho de 2008

Da série: Não me canso de homens bonitos (IV)*



JUDE

LAW

(* E a pedido de muitas famílias)

Constatações XLVIII

Hoje as pessoas com quem trabalho fizeram-me uma autêntica declaração de amor conjunta. Desde os colegas aos chefes. Confesso que fiquei muito sensibilizada, com uma lagrimazita no canto do olho. Há surpresas assim...

E porque me apetece falar de cinema

"Redacted", realizado em 2007 por Brian de Palma (vencedor do Leão de Prata na 64ª edição da mostra de Cinema de Veneza) é quase um não-filme.
Retrata o quotidiano de soldados americanos no Iraque, em 2006, e da forma como o próprio contexto e a personalidade de cada um deles influencia os acontecimentos.
É quase um não-filme, não por não ter qualidade, mas porque nos é apresentado em jeito de documentário, quer pela mão de um dos soldados que anda sempre munido de câmara (o seu sonho era, no final da guerra, estudar cinema; acabou por não o cumprir), quer pelas câmaras de segurança, reportagens de televisão, vídeos da Internet.
Um murro no estômago, crítico e duro, uma visão sobre a injustiça que a guerra do Iraque é.
Como o são todas as guerras.

quarta-feira, 9 de julho de 2008



Paixões


de


Verão

Perguntinha

Porque é que há pessoas que debitam cerca de 50 palavras para dizerem o mesmo que poderia ser resumido em 5?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Conto os minutos que, no mostrador, parecem ter morrido.
Tic, tac, tic, tic, tac.
Rogo para que passem rápido, que corram incessantemente até à hora que, pretendo, chegue rápido.
Tic, tac, tic, tic, tac.
O relógio não me obedece.
Tac, tic, tic, tac, tac.
Sabia que, mais cedo ou mais tarde, as máquinas que criamos nos iriam ultrapassar.


"uma hora de partida

mesmo quando não há

lugar certo para ir."

Tenessee Williams

sábado, 5 de julho de 2008

Garatujar

E neste momento apetece-me escrever. Discorrer sobre o que me vem à mente, sem que tenha de ser coerente. Escrever somente sobre o que a cabeça me vai ditando, embalada (talvez) pelo vinho quente que me atormenta suavemente.
Escrever, escrever, escrever.
Ou apenas garatujar.
Escrever sobre o que me rodeia, os livros dispostos em fila, desconexos, a almofada pousada no canto do banco, o ar quente que a janela aberta deixa entrar.
Escrever sobre a música que leva as minhas pernas, cruzadas na cadeira gasta, a bambolearem, os dedos a estalarem por entre o fumo dos cigarros que fumo insistentemente, (oh, necessidade urgente).
Escrevi. Pouco, mas escrevi.
Ou apenas garatujei.
Cumpri-me.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Passagens

"Antes de essa querida tia morrer, estava eu de recente luto, todas as separações são um abatimento, um cipreste a morrer de pé... Separei-me do Jorge, depois de um casamento de amor nublado. Por isso, fiquei agradecida à velha tia. A sua morte permitia-me trocar uma dor por outra dor e levantar-me de ambas..."

Alexandre Honrado in "Amor a Monte"

terça-feira, 1 de julho de 2008

Doçura(s)

Fomos para a cozinha com o intuito de fazermos um bolo muito bonito, foi assim que o tinhas definido. Colocamos os aventais e dispusemos os ingredientes em cima da mesa: o açúcar, a farinha e o fermento, os ovos, a manteiga, o chocolate que, mais tarde, derreteríamos em banho-maria. Intitulaste-te de minha ajudante principal, gostei da designação. Batemos os ingredientes conforme rezava o livro.
Puseste o bolo no forno que ias espreitando, de três em três minutos, após o que dizias, com um sorriso guloso:
- Já está um bocadinho maior! Já podemos espetar o palito?
Mas não, ainda não podíamos.
Cantávamos canções infantis enquanto batemos as natas, açucaradas, que iam salpicando tudo ao seu redor. Já prontas, provamo-las rapidamente, os dedos a correrem para a boca com sofreguidão.
Quando cozido, depois de ter ficado um tempo a arrefecer, cobrimos o nosso bolo com o chocolate derretido, entre as colheradas roubadas e os muitos risos abafados pela pressa que aquela tarefa séria obrigava.
Finalmente colocamos as natas no saco pasteleiro e cobrimos o bolo de bonitas e apetitosas florinhas brancas. Como sobrou, esprememos o conteúdo do saco directamente para as bocas abertas, à vez. E rimo-nos, rimo-nos...
A Rita, com a cara salpicada de cores, qual palhacito mal pintado, observa-me a devorar as natas e diz-me assim:
- Tu não és como as outras pessoas grandes. Não és chata e fazes asneiras que nunca ninguém me deixa fazer!
Olhei para ela enternecida. Foi o melhor elogio que me fizeram desde há muito.

E no final resta-nos isto

"O «caso Maddie» deverá ser arquivado pela Polícia

Judiciária (PJ) por falta de provas."

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Definições

AMIZADE

"Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo"

Jorge Palma

Da série: Não me canso de homens bonitos (III)

JOSH HOLLOWAY

Momentos

E por vezes a tristeza bate-me tão forte, como uma mão enorme e feia e gorda que me estrangula, que me impede de respirar, que me impede de chorar também, que me deixo assim ficar, só, calada e inerte, à espera que ela decida largar-me e partir.
Porque não vale a pena fingir que ela não existe, a pressão no peito não mo permite sequer imaginá-lo. Não vale a pena tentar ignorá-la porque ela faz questão de me mostrar a sua autoridade, naquele momento, tão pequenina e insignificante me sinto.
Não vale a pena...
Então, deixo a tristeza inundar-me todo o corpo, os olhos, as mãos, o cérebro e, quando ela se sente saciada, finalmente, face ao cansaço (triste) que me trespassa que, pé ante pé, se esvai devagar devagarinho.
Sinto-me limpa agora. Pronta para continuar.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Frases bonitas - Versão irónica

"O meu desejo é tantos. (...)"


By Cristiano Ronaldo

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ideias*

(*Ou um bom exemplo de como uma imagem

pode valer mais do que mil palavras)

Constatações XLVII

Não consigo suportar aqueles que passam a sua existência a fazer-se de coitadinhos para, assim, atingirem proveitos através da vitimização. Considero esse tipo de atitudes do mais reles que existe.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Última hora

Notícia do Telejornal de hoje (RTP1): Uma vidente/homeopata, residente na Suíça, garante que não haverá mais lesões na equipa portuguesa, que ganhará facilmente à Suíça e, diz-lhe o seu guia, poderá mesmo vencer o Europeu.

Espero agora, curiosa, que me actualizem no que respeita à detenção do Prof. Bamboo. Deve ser já depois do intervalo.

Verdades absolutas

É curioso como o tempo que passa (talvez também a maturidade adquirida ao longo dos anos) relativiza de uma forma quase atroz situações, emoções e verdades tão absolutas outrora.

Gosto de sextas-feiras.

Gosto do número 13.

Gosto de horóscopos parvos que me dizem para, neste dia,
reagir positivamente aos estímulos e aos impulsos que o meu coração me transmite.

Constatações XLVI

Por muito que não queira o Europeu acaba por mexer um pouquinho comigo. Só assim se explica que tenha sonhado toda a noite (pelo menos é essa a noção que tenho) com o Simão Sabrosa. E ainda por cima lembro-me de tudo.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Da série: Não me canso de homens bonitos (II)





JOHNNY

DEEP

Sonhar

Esta noite apareceu-me num sonho um rapaz que conheço de vista desde sempre, porque é da mesma cidade do que eu, mas com o qual nunca sequer falei. Não o vejo há mais de uma década. Era (no sonho) namorado de uma amiga minha.
Há uns anos atrás, talvez uns quatro ou cinco, sonhei com o mesmo rapaz, que era namorado de outra amiga minha.
O que é quererá isto significar?

Pause

A partir de amanhã a crise que se vive em Portugal fica suspensa. Pelo menos até a selecção ser eliminada do Europeu.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Constatações XLV

O passatempo preferido dos hipocondríacos é falarem sobre doenças: das que têm e das que não têm, das que terão e, desconfio, das que gostariam de ter.

Passagens

"O seu objectivo, com efeito, era ser a própria experiência, e não os frutos da experiência, por mais doces ou amargos que eles fossem. Repudiaria o ascetismo que atrofia e mata os sentidos, e a devassidão vulgar, que os embota. Mas ensinaria o homem a concentrar-se nos momentos duma vida que é, ela própria, um momento apenas."


Oscar Wilde in "O retrato de Dorian Gray"

sexta-feira, 30 de maio de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Chovia torrencialmente. Corri por entre os carros e por entre as poças de água tentando, sem sucesso, manter-me seca. Parei na entrada do Cantinho a enxugar o cabelo. Tinha combinado contigo às 19 horas e já passavam 45 minutos. Havias-me dito, um dia, que não lidavas bem com atrasos e eu não conseguia parar de pensar nisso, a martelar-me, sempre a martelar-me na cabeça, e não conseguia perdoar-me por ter ficado sem bateria no telemóvel para te poder avisar. Ah, estava com uma raiva àquele cliente. Sim, porque é que ele teimava em chegar sempre depois da hora? E porque é que não lhe disse que a casa já tinha fechado, que voltasse no dia seguinte logo pela manhã? Mas não lhe disse, e fiquei para ali a aturar-lhe o palavreado banal e cansativo a martelar-me na cabeça, os meus olhos constantemente no relógio, ele não percebeu. Ou fingiu não perceber.
Olho a minha figura nos vidros do Cantinho, dou um jeito à roupa, outro aos caracóis. Entro com ar altivo (não posso mostrar a culpa que sinto) e procuro-te.
Não foste ainda embora, que bom!! Começo a caminhar na tua direcção sem te sorrir. E tu levantas-te altivamente e passas por mim sem falar. Nem me sorriste.

Na idade dos porquês

Porque é que, na maioria das vezes, quem achamos interessante não nos liga népia, nada, nicles, e quem não nos diz nada se nos tenta colar como uma chiclet ressequida?

Amigos gays (XV)

Para ver um jogo de futebol com gays tenho de obrigá-los. Ou então sujeitá-los a um qualquer tipo de chantagem. É triste...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sidney Pollack

1 de Julho de 1935 - 26 de Maio de 2008

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Hoje sinto-me...


Com o



agigantado.


Dúvida

Porque é que ninguém explicou à menina que faz a publicidade ao leite biológico da Agros que se diz leeeeiiitteeee e não laaaaiiitteee?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

E porque as boas séries são para se ver




Nova temporada hoje

21.50 - Fox Life

Humores

Depois da cortina, o cantar dos pássaros e o latir dos cães. As árvores abanam com o vento a chegar. Agora já não, ainda não chegou, afinal. O dia começou soalheiro, com aquele cheiro a maresia e bronzeador. Mas agora, lá fora o muito verde a soltar-se ao ritmo da escuridão a abater-se sobre o local, devagar, bem devagar...
A portada da janela bate, o vento afinal voltou, mais forte. A cortina bamboleia aos seus humores. Chega-me como um prenúncio frio. Os cães continuam a ladrar, nervosamente, intermitentemente. As folhas esfregam-se depressa, cada vez mais depressa, a correr. Os pássaros deixaram de cantar.
Fecho a janela.
A tempestade vai começar.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Será apenas impressão minha?

- Ou a palavra mais vezes proferida na Gala dos Globos de Ouro foi pronto?
- Ou o primeiro-ministro é ainda mais mentiroso do que julgávamos?
- Ou a Primavera anda a brincar ao Outono?

terça-feira, 29 de abril de 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Desalfabetizar

ZOAR AMAR MORDER CHORAR SER DORMIR OCULTAR PERDER ESPERAR XINGAR QUERER UIVAR FUMAR JOGAR GOZAR IR HIPNOTIZAR RIR LER TENTAR NEGAR BEBER VIVER

O escafandro e a borboleta

Realizador: Julian Schnabel


Intérpretes: Mathieu Amalric,
Emmanuelle Seigner,
Marie-Josée Croze



França, EUA
2007



Em Dezembro de 1995, Jean-Dominique Bauby, 43 anos, jornalista, editor da revista Elle, sofre um AVC que lhe deixa o corpo morto e a mente viva. A única forma através da qual consegue comunicar é com um piscar do olho esquerdo, para o sim, dois piscares para o não. E é desta forma que escreve um livro, que deu origem a esta adaptação para o grande ecrã.
Começamos por vivenciar o filme na perspectiva do jornalista, quase nos sentindo reclusos de um corpo que prende o que a liberdade da mente dá. Aos poucos, porém, vamos sendo contextualizados, existindo uma abertura no espaço e no tempo.
Um filme cru, forte, que nos faz pensar na fragilidade do ser humano. Um bocadinho ao jeito de Mar Adentro...
A ver, absolutamente.

Constatações XLIV

Admiro a capacidade que certas pessoas têm de falarem tanto, logo de manhãzinha. E constato a minha falta de paciência para ouvi-las. É de uma violência...

terça-feira, 22 de abril de 2008

22 de Abril

DIA


MUNDIAL





DA TERRA


segunda-feira, 21 de abril de 2008

Há coisas fantásticas

Recebi um e-mail cujo remetente é o Ministério Público Federal e cujo título é "Intimação para comparecimento em audiência" relativa ao procedimento investigatório n.º 324/2008.
O pior é que há quem acredite.

Passagens

"Mas a beleza, a verdadeira beleza, termina onde começa a expressão intelectual. A inteligência é em si um modo um modo de exagero e destrói a harmonia do rosto. Quando uma pessoa se senta para pensar, torna-se toda nariz, ou toda testa, ou alguma coisa horrenda. Veja os homens a quem o êxito sorriu em qualquer das profissões intelectuais. Que hediondos são! Exceptuam-se, já se vê, os da Igreja. Mas é que na Igreja não se pensa. Um bispo continua a dizer aos oitenta anos o que lhe ensinaram a dizer aos dezoito; e, por isso, como consequência natural, é que ele conserva sempre uma aparência absolutamente deliciosa."

Oscar Wilde in "O retrato de Dorian Gray"

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Do amor e sentimentos afins

Somos educados (ainda) para casar. Levam-nos a acreditar que um dia aparecerá o tal, com o qual viveremos para sempre.
Porquê? Porque é que nos tentam convencer com uma mentira tão romântica?
Podem, de facto, existir relações eternas, mas não sentimentos eternos ou, dito melhor, sentimentos imutáveis. Pode manter-se uma relação até a morte que começou por ser amor, alterou-se para amizade, companheirismo, dependência até, mas será que ainda existirá o amor? Aquele que nos fazia rir de coisas que nada tinham de engraçado, as caras aparvalhadas, olhos de carneiro mal morto, as palpitações, o nó no peito? Acredito que não.
Então porque é que parece andar meio mundo atrás de uma coisa que não existe?
Não acredito em amores eternos. Acredito que, como já alguém inteligentemente disse, o amor é eterno enquanto durar.

Blogolândia


terça-feira, 15 de abril de 2008

Constatações XLIII

É p'raí o terceiro taxista que me diz que no tempo de Salazar é que era porque havia respeito, blá blá blá, blá blá blá. Na próxima vez bato. Ai juro que bato.

Post irónico (2)

Precisava de uma casa, disse-me ela. Não perguntei porquê mas ela disse-me na mesma: que o marido lhe havia dito que já não podia vê-la.
Estranhei a confissão. Não tínhamos confiança para isso. Mas ela disse-me na mesma. E disse mais: já não aguentava aquela relação, lágrimas a conterem-se nos olhos, sentia-se cansada, os punhos cerrados, sem força e vontade de continuar.
Não mais voltamos a tocar no assunto.
Engravidou entretanto.
Está quase a ser mãe.

Post irónico (1)

Tomou posse como ministra da Defesa, na vizinha Espanha, Carme Chacón, licenciada em Direito, 37 anos, grávida de 7 meses.
Foi em Espanha, poderia ter sido em Portugal.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Porque a beleza não necessita de palavras

Ditos

«Devia existir um registo oficial e diário do que Menezes anda por aí a dizer. Já começa a ser difícil seguir o delírio político».

Vasco Pulido Valente

segunda-feira, 31 de março de 2008

La Vie en Rose

La Môme, no original, realizado por Olivier Dahan, e contando entre outros, com as interpretações de Emmanuelle Seigner, Gérard Depardieu e Marion Cotillard, este filme, ganhador de dois Óscares (melhor actriz e caracterização) deixou-me de lágrimas nos olhos e um nó no coração (ou na alma ou na garganta, ou em todos, não sei bem).
Edith Piaf era uma miúda de rua, que cresceu entre abandonos, sendo "salva" de uma existência ainda mais dura quando lhe descobrem o dom que tem na voz. Isso não a afastou, no entanto, da dependência do alcool e da morfina.
Pequena, dócil mas determinada, insegura mas também desvairada, foi uma mulher que viveu.
Marion Cotillard está magistral na pele da cantora. A ver e rever.

Jornalista - Que conseill pour la vie donnez vous a une femme?
Edith Piaf - Aimez.
Jornalista - Et a une jeune fille?
Edith Piaf - Aimez.
Jornalista - Et a un enfant?
Edith Piaf - Aimez.
- Arranja-me um cigarro? (Acompanhado de gesto de levar um cigarro à boca)
- Hum, hum. (Acompanhado de aceno afirmativo com a cabeça)
- É inglesa?
- Não.
Entrego o cigarro.
- Thank you.

domingo, 30 de março de 2008

E ainda sobre Portishead

Como é possível que, de um corpo tão franzino, saia uma voz tão colossal?

Poderoso, perfeito, Portishead



Casa cheia. Odor a erva. Expectativas ansiosas. Fazem-nos esperar e o nervosinho miúdo cresce dentro de mim. Quero-os no palco. O restante público também, o que se comprova pelas palmas, gritos, pelo burburinho que se sente entre aquelas paredes. E eis que, finalmente, eles estão lá. Uma banda que me acompanha desde há muito, embora nem sempre. Porque, se por vezes as músicas me trazem paz, outras há em que me deixam melancólica, soturna.Dependendo sempre do meu estado de espírito.
Todo o concerto é para mim uma viagem. Deixo-me levar pelas luzes, pelo embalar dos corpos que se movimentam no mesmo ritmo do meu. A voz encarrega-se do resto. Beth Gibbons de seu nome. Fecho muitas vezes os olhos e sinto-me a sorrir. Por vezes expresso-o, outras guardo-o egoisticamente em mim. Porque representam momentos só meus.
Foi lindo, a levar-me a pensar que eu tinha de lá estar. E estive. E adorei.

Constatações XLII

Sinto-me crescida quando, chegando a casa pelas seis e meia da manhã (hora nova), consigo desmaquilhar-me.

domingo, 16 de março de 2008

Devaneios

Ando amuada com o mundo. Não por muito tempo, sei-o, mas é assim que me sinto neste momento. Talvez já não amanhã, ontem sim. Ando amuada com o mundo. Saio para a rua e caminho sem norte, a ver se o vento fresco me faz despertar. Ao invés, embora não o queira, não consigo evitar observar as caras de Domingo. Parecem-me amuadas. Talvez porque o sol não brilhe e encha de cores os espaços entre os prédios, a relva não pareça verde, o céu não esteja azul. Ou, quem sabe, porque aqueles rostos já antecipam o dia de amanhã, as correrias para chegar ao emprego, a vida tão cara, tão igual, um dia após o outro, o simples acto de acordar, um dia após o outro, como chuva que cai, sempre monótona, cansativa.
Ando amuada com o mundo. Mas, reparando nas faces distorcidas, os lábios uma curva descendente, olhares vazios, mãos abandonadas ao corpo, consigo perceber que muita gente anda amuada. Com algo ou com alguém.
Se calhar, com o mundo também!

E porque gosto de acreditar que este blog é original

Não vou falar da nova proposta de lei
que irá limitar as áreas do corpo
onde podem ser colocados piercings.

quarta-feira, 12 de março de 2008

"Se tivesse uma câmara, Mário gostaria de fotografar os rostos das pessoas que, ao sábado, passeiam na cidade e daquelas que vivem na cidade para que os outros reparem nelas. Fotografá-las-ia decerto, se pudesse, se tal fosse possível, um instante antes e um instante depois de terem dado pela presença dele, caminhando na sua forma diversa de caminhar. Mas Mário não tem uma máquina fotográfica e, mesmo que tivesse, talvez não lhe fosse possível fazer o que deseja: as pessoas apercebem-se de que Mário se aproxima muito antes de ele estar suficientemente perto para fotografar os rostos delas. Só se Mário pudesse ser, ao mesmo tempo, ele próprio e um outro: um fotógrafo invisível que o precedesse. Isto, porém, é impossível. Apenas as palavras tornam possível tal efabulação. Imagine-se alguém ser dois! Isso não pode ser senão invenção de poetas, escritores e outros mentirosos." - Verdade ou Mentira?

"Presumo, pois, que o homem da bicicleta musical seja um velho feliz da felicidade das pequenas coisas e dos minúsculos gestos, dos subtis prazeres; um homem que se empenha em escandalizar suavemente o mundo com a música da felicidade dele. Não creio que seja viúvo, o homem. Prefiro imaginá-lo a envelhecer devagar ao lado de uma velhinha igualmente feliz, de cabeça nevada, que o recebe com um sorriso quando ele regressa das suas manhãs ciclísticas na Foz; com um sorriso e o perfume feliz de um naco de carne a acabar de crestar no forno. Ele sempre insiste para que ela saia também, para que compre uma bicicleta e venha pedalar com ele nas manhãs de domingo, para cantarolarem juntos, mas a felicidade dela reside em outras coisas: despertar com o cantar do galo, ver nascer o dia na janela da casa térrea onde moram os dois, tratar do limoeiro do quintal, colher um ramo de flores frescas com que há-de dar cor à mesa do almoço e principiar a preparar a refeição, descascando amorosamente pequenas batatas, temperando a carne com louro, alho e vinho branco. Tuso sem pressas e sem tempo, com os gestos que têm as velhas que são felizes e não correm para lado nenhum nem fogem de coisa alguma." - O homem da bicicleta musical


In "O profundo silêncio das manhãs de domingo",


de Manuel Jorge Marmelo



Um pequeno livro de contos
delicioso,
utópico,
sonhador,
irrealista até,
muito bonito.








quinta-feira, 6 de março de 2008


"Todo o sul da Europa se pode transformar

numa extensão do deserto do Saara."



Anthímio de Azevedo - Meteorologista

Na idade dos porquês

Olhava para a água quase parada no seu constante ir e vir. As luzes nela reflectidas davam-lhe um falso aspecto de claridade, que contrastava com o breu do céu. Fiquei ali a tentar descobrir as respostas às minhas perguntas quase infantis. Sem sucesso.
Queria ir para casa mas também não. Não me satisfazia a companhia mas também não desejava ser levada pela solidão. Não queria deitar-me na cama fria, abandonada, às vezes cruel. Analisei mentalmente o percurso percorrido. Qual seria o seu sentido? Para chegar onde, quando, porquê? Uma vez mais as respostas não me foram concedidas, a minha mente, a fervilhar, não acalmou, foi-me negada a serenidade da sabedoria.
Talvez precise caminhar mais...

Fait-divers

Há dias vi algo como um desfile de moda de cães. É-me difícil perceber o quão ridículas podem ser as pessoas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A não ver

INLAND EMPIRE

de David Lynch

(A não ser que se esteja com uma grande insónia
e não se queira recorrer a soporíferos)


Carlos Ademar é professor no Instituto Superior da Polícia Judiciária e Ciências Criminais tendo sido, durante anos, investigador criminal na Secção de Homicídios da PJ.
Terá sido certamente dessa experiência que lhe saíu este romance, sobre o mundo das drogas, mulheres, influências, armas. Poder-se-ia dizer que aconteceu no Porto, mas não, foi em Lisboa. Poder-se-ia dizer que as personagens foram inspiradas no gang da Ribeira. Não, o livro foi editado antes. Poder-se-ia dizer que se move à volta de Bruno Pidá. Também não, Alberto Lima é o seu nome.
Embora não seja um mimo literário, às vezes um pouco incongruente, levou-me a contactar com uma realidade para mim pouco conhecida, e a perceber que o caso do gang da Ribeira é a conhecida repetição de muitos casos que se passam por este país fora. Basta juntar os corpos grandes fermentados nos ginásios, alimentados a substâncias químicas, a procura de dinheiro fácil e poder, os jogos de influências, os esquemas bem sucedidos, os códigos de conduta, o demarcar do território, o matar se convier.
Eventualmente, se as coisas correram de feição aos líderes naturais destes grupos, não será difícil cada um de nós conhecer um deles, agora transformado em benemérito da sociedade.

Este blog tem andado assim:

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

A trabalhar

E ainda:

A trabalhar

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Delírios

- Gostas?
- Por vezes... há dias que sim e dias que não...
- Não gostas às vezes? És homem, raios! E todo o homem que se preze gosta sempre! Mais até do que a mãe!
- Pois... talvez tenhas razão. Mas eu não gostava tanto assim da minha mãe. E ela já morreu.

A ressaca

Após um dia em que todos nos querem convencer que é lindo o amor, após as incontáveis músicas românticas de fazer chorar baba e ranho, dos corações colados em todas as montras, das rosas vermelhas, verdadeiras, de chocolate, plástico e até cartão, dos casais que fazem deste um dia muito bonito quando se esquecem disso no resto do ano, das serenatas dos dias modernos, dos poemas, das flores, do ar consumista de Natal, sabe muito bem voltar à normalidade. (Se possível, com muito amor.)

Gostos

Esta manhã tomei o pequeno-almoço numa pastelaria vizinha ao meu local de trabalho: uma meia de leite e uma sandes de manteiga e queijo. Um senhor já de certa idade decidiu fazer o mesmo que eu: pediu uma cerveja preta e um prato de batatas fritas.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Hoje sinto-me (quase) assim...


"Finalmente as boas notícias! Em todo o mundo, o petróleo está a subir e os empréstimos estão hiper-restritos. A economia americana estará, em breve, em recessão, o dólar em baixa e as Bolsas em crise. O cenário é preocupante. Mas isso é lá fora. Na Europa, o oásis fica junto ao Atlântico. Exactamente, mesmo que lhe possa parecer que Portugal vive em crise, que os funcionários públicos não têm aumentos reais há anos e que, perante a recessão no resto do mundo, a situação económica pode ficar ainda mais grave por cá, o Governo tem boas notícias para si. Segundo as previsões oficiais, a economia vai crescer em 2008. Melhor: vai crescer mais do que no ano passado. Melhor ainda: é a única da zona euro que conseguirá a proeza. Melhor mesmo: cresceremos mais do que os Estados Unidos, a Alemanha e a Itália e quase ao nível do Reino Unido e de França.
Agora que já não tem mais fôlego para comemorar a sorte de ter José Sócrates como primeiro-ministro e o PS no Governo, trate de espalhar a boa-nova. Faça um serviço patriótico e conte as novidades aos 444 mil desempregados, aos professores que perderam 12% de poder de compra nos últimos oito anos, aos milhares de famílias que não têm dinheiro para pagar os empréstimos ao banco.
Acredite na boa-fé de quem o governa. Assim, está a dar-lhes mais força para os próximos tempos e sempre consegue esquecer-se de tudo o resto: o País que realmente existe, longe dos sonhos dos outros."

In Editorial da Sábado

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Música

Gosto de trabalhar ao som de música. Sempre gostei. Por vezes ouvia um ou outro cd para descontrair. Mas há uns tempos "descobri" as emissões de rádio online o que, além de me levar a estar a par das novidades mais comerciais me leva a ouvir músicas que não ouvia há muito. Agora a rádio está ligada o dia inteiro, o ambiente muito mais descontraído, até dá para dançar e cantar um pouco na cadeira. E o trabalho sai-me muito mais fluentemente.

Aaaaaaahhhhhhhhhhh

Segundo a Sábado desta semana, Ana Malhoa foi a personalidade mais procurada pelos portugueses na Internet em 2007.

E por falar em personalidades, de acordo com a Agência France Presse, Durão Barroso deverá ser um dos nomeados ao Nobel da Paz de 2008.




Gostava de concluir este post de forma pomposa mas... faltam-me as palavras.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Tele-lixo

Ontem à noite, no meio de um zapping, deparo-me com uma cena forte numa das novelas da TVI: segundo entendo, uma mulher foi raptada pelo marido que pretende matá-la.
A senhora, amarrada a uma cadeira, consegue soltar um braço e chegar à sua carteira, de onde retira o telemóvel. Liga a alguém a pedir ajuda.
Cena seguinte: uma outra mulher atende o telefone e vai dizendo, São, ó São, que bom que és tu, estávamos tão preocupados... Ó São, ai, graças a Deus que és tu, estávamos tão preocupados.
A São, do outro lado, amarrada, prestes a ser eventualmente morta com o aparecimento do marido nada diz, fica antes a ouvir a outra a explicar o nível de preocupação (momento sublime n.º 1).
Acaba por reagir, entretanto, finalmente, quando a outra lhe pergunta onde está. Descreve a sua localizaçao, diz ai que ele vai-me matar, vocês precisam vir rápido porque ele vai-me matar. Uma vez mais, em vez de desligar o telemóvel para que os outros possam ir salvá-la, não, fica a dissertar sobre a violência do marido (momento sublime n.º 2).
Mudei de canal. A pensar que os autores desta novela poderiam deixar de pensar nos espectadores enquanto deficientes mentais.
Quero escrever mas as ideias ficam-me prisioneiras nas pontas dos dedos, talvez por percorrerem excessivamente a minha mente, o coração, o fluxo sanguíneo.
Quero escrever mas as palavras fazem-se reclusas em mim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A ouvir


ANA MOURA

Amigos gays (XIV)

Só com um amigo gay poderia combinar, com uma semana de antecedência, o programa do próximo Sábado à noite: Sentar-mo-nos em frente à tv a ver a final da Operação Triunfo.
Tenho pressa. Que a vida me aconteça, me pegue pelo braço e me leve onde quero ir. Tenho pressa em definir o que está desalinhavado, unir com pontos de agulha os retalhos que vou guardando, um sobre o outro, até que possam deixar de ser retalhos para se transformarem numa peça só.
Tenho pressa, urgente, de criar, aproveitando os conhecimentos de que o que está a minha volta me dá.
Tenho pressa de acordar contigo todos os dias (aos Sábados também).
E de acabar com a sede de curiosidade que me leva a nunca parar.
Tenho pressa.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Amnésia

Uma das situações com que, por vezes, me deparo (e, penso, deve acontecer a todos os "adultos" que saem à noite) é encontrar um grupo de jovens, normalmente mulheres, alcoolicamente acelaradas e irritantemente histéricas. É um facto, incontornável, por vezes dificilmente suportável.
Há tempos, num qualquer bar, estando acompanhada por uma amiga, entrou porta adentro um grupo similar ao acima identificado, que tomou conta da pista com os seus corpos desiquilibrados, risos, refrões de canções gritados, bebidas entornadas. Não pude deixar de perceber o olhar de enfado e condenação que a minha amiga me lançou.
Tenho dificuldades em aceitar este tipo de atitude: não que às vezes as miúdas não sejam verdadeiramente irritantes, que o são. Mas o que me faz confusão é a facilidade com que as pessoas esquecem aquilo que já foram. Porque eu e a minha amiga já fomos assim, já fizémos figurinhas que não lembram a ninguém, também nós já fomos jovens-rebeldes-acabadas-de-sair-da-idade-do-armário-e-que-pensam-que-o-mundo-é-delas.
E acho que esse é meio passo para se acabar um adulto enfadonho, moralista, ou seja, um enorme chato.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Dúvida

Agora que os Gato Fedorento decidiram fazer uma paragem, quem é que vai fazer oposição ao Governo?

Passagens

"O tradicional lençol branco salpicado de vermelho vivo do sangue ainda fresco lá estava - parecia sempre o mesmo. Sob o tecido fino pigmentado estava o corpo prostrado, na posição de borco, qual actor estático num monólogo surdo de rua, assistido por inúmeros curiosos espectadores que, apesar da hora tardia, não dispensavam o habitual desejo absurdo de sofrer. Ou então, mais prosaica e perversamente, apenas para estarem próximos do sofrimento alheio. Talvez assim se sentissem menos infelizes na sua monótona e igualmente paupérrima existência. Alguém estava em pior situação e isso descomprimia, era um tónico. Ficavam sempre por ali, a mirar e a condenar de forma veemente o responsável por tamanha atrocidade. «Covardes, isto não se faz» ou «o tipo que fez isto merece o mesmo». Serão deste calibre as expressões de revolta mais usuais, como se cada um dos espontâneos juízes não fosse ele próprio capaz de, em circunstâncias apropriadas, levar à prática de actos idênticos."

Carlos Ademar in "Estranha forma de vida"

(Oficina do Livro)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

E por falar em nuvens

Tenho a dizer que a TAP é uma merda.

Hoje sinto-me assim...


Post de gaja

Nem tudo é mau quando se fala na nova lei anti-tabaco. No meu local de trabalho, o sítio destinado aos fumadores fica dois lanços de escadas abaixo de mim, o que significa que vou ficar com umas pernas "à holandesa".

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cântico Negro

«"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!»

José Régio

(1901 - 1969)

Taras

Cada vez sou menos preconceituosa. Por exemplo, tenho como amigos pessoas que, talvez há uns anos atrás, não quisesse sequer conhecer. Simplesmente pela sua forma de vestir ou de falar. Ou por características da sua personalidade que considerava graves defeitos. Hoje tento aceitá-los como são, tendo aprendido que ninguém é perfeito e que uma pessoa com "graves defeitos" pode ter também enormes encantos. Esta é a minha regra. Uma excepção: pessoas que calçam as sapatilhas da foto. Não consigo levá-las a sério, não percebo como é que alguém com uma mente equilibradamente sã consegue usá-las. Talvez um dia...

Novo ano

Começo um Janeiro frio e quase sempre solarengo. Não faço uma análise do ano que passou, penso antes no que pretendo fazer no presente. Os desejos acabam por repetir-se, segundo após segundo, sultana após sultana. Saúde, muita, amor, alegria e um pouquinho de tristeza também para me recordar como a primeira sabe bem, risos e muito caminho para calcar, descobrir e desbravar.
Do ano que passou tento apenas reter as memórias, as conquistas, os erros - para tentar não voltar a repeti-los - oh, árdua tarefa...
Os abraços quentes aos que me são queridos, a tua permanente presença, as palavras sinceras, esses são mimos que pretendo reter sempre, na minha mente, na minha pele, passem os dias, passem os anos.
Começo um Janeiro frio e quase sempre solarengo, determinada a conquistar os meus sonhos. Espero que o façam também.
Bom ano.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Coisas que se aprendem com constipações

Devido a uma grande constipação após ligeiro estado gripal fiquei sem cheiro e sem paladar. Dois dias. Lembrei-me que nunca pensamos nas coisas até passarmos por elas: é-nos tão banal a normalidade do corpo, que só nos apercebemos que bem que ela sabe (a normalidade) quando estamos num estado não-normal. Então, como dizia, dois dias sem cheiro e paladar. Tão estranho!!! Não sentir o cheiro do hidratante, depois do duche, o perfume acabado de colocar... o cheiro do café...
Pior ainda foi a falta de odor aliada à falta de paladar. Comer algo cujo sabor tão bem conheço mas não consigo reconhecer... sabe tão mal...
E faz-me ter ainda mais dificuldades em compreender aqueles que afirmam comer e beber por obrigação: sentar-me a uma mesa, com boa companhia, a degustar um belo jantar, um bom vinho... esse é um dos meus grandes prazeres na vida (que, neste momento, felizmente, já voltei a poder usufruir).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

E por falar em Natal





Estou com o primeira gripe do ano.

Há coisas fantásticas, não há?

terça-feira, 4 de dezembro de 2007


Os meus passos calcam as folhas secas, coloridas, mortas mas, ainda assim, belas.
Gosto do Outono por isso. Porque a natureza morre para voltar a nascer. Renova-se. Após libertação do que é velho, do que já não importa mais. Sinto-o em mim, como se em mim se transformasse.

Actualidades

José Sócrates defendeu hoje que a Cimeira UE-África já "é um êxito", devido às presenças de Chefes de Estado e de Governo confirmadas.
Melhor ainda, afirmou que vai ser aprovada uma estratégia conjunta, reflexa em parcerias a estabelecer em quatro grandes áreas: paz e segurança, governação e direitos humanos, alterações climáticas e migrações.
Em relação à paz, segurança e, especialmente, direitos humanos, ainda acredito que alguma coisa possa ser acordada. Agora, alterações climáticas e migrações, Sr. Primeiro-Ministro? Onde é que anda com a cabeça?

Stop Aids

















(Roubado ao Zoo)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Então diz que o Natal está a chegar, não é?

E eu, constituindo uma excepção à generalidade dos portugueses, já fiz todas as compras, que coloquei num sofá da sala. Como não tenho o hábito de fazer a tradicional árvore, por não passar as festividades em casa nem ter crianças a exigir-mo, aquele sofá será, até ao final do mês, o Cantinho do Natal.
Olho, procuro, mas não encontro.
Os que me rodeiam parecem-me nus.
De essência e pensamento.

A ver

Serralves fora d'horas

(Às sextas, pelas 23 h, na Sic Mulher)


Apresentado por Ana Mesquita e Júlio Machado Vaz, é um programa onde se fala de sexualidade mas não só.
Na sexta-feira que passou tive o privilégio de "conhecer" Siza Vieira, visto que até aí só lhe conhecia as fotos e a obra. É um senhor encantador, com uma sabedoria e presença cheias de graça. Ficava a ouvi-lo durante horas.
A demonstrar aos Vascos Pulidos Valentes que andam por aí que, mesmo que se seja genial, a humildade será sempre uma virtude.