Ando amuada com o mundo. Não por muito tempo, sei-o, mas é assim que me sinto neste momento. Talvez já não amanhã, ontem sim. Ando amuada com o mundo. Saio para a rua e caminho sem norte, a ver se o vento fresco me faz despertar. Ao invés, embora não o queira, não consigo evitar observar as caras de Domingo. Parecem-me amuadas. Talvez porque o sol não brilhe e encha de cores os espaços entre os prédios, a relva não pareça verde, o céu não esteja azul. Ou, quem sabe, porque aqueles rostos já antecipam o dia de amanhã, as correrias para chegar ao emprego, a vida tão cara, tão igual, um dia após o outro, o simples acto de acordar, um dia após o outro, como chuva que cai, sempre monótona, cansativa.
Ando amuada com o mundo. Mas, reparando nas faces distorcidas, os lábios uma curva descendente, olhares vazios, mãos abandonadas ao corpo, consigo perceber que muita gente anda amuada. Com algo ou com alguém.
Se calhar, com o mundo também!
Um comentário:
Eu também.
E não quero.
Talvez amanhã isto passe.
Talvez amanhã.
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