segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006


Entro no carro onde me levas a passear. Achas que preciso, dizes-me tu.
Fumo um cigarro. Olho a paisagem que passa por nós a 90 kms/hora. E preciso, realmente. Mas onde quero não me podes levar.
Tu, conhecendo-me bem, abandonas-me à minha quietude. Sabes-me tão bem os passos... E sabes que não me podes levar a falar. Que só o farei quando quiser.
Fumo mais um cigarro. Como se isso me enchesse o peito de ar puro que me permite começar a falar.
- Sabes o que é a solidão?
- Claro que sei o que é a solidão.
- Achas que sabes? Achas que algum dia o vais descobrir? Se nem eu própria o sei...
E tu, mudo (sabes-me tão bem os passos) deixas-me continuar.
- Sabes o que é a força? É o que me permite levantar quando necessitar. E sabes porquê? Porque a vida nos fortalece e descontrói-nos e quase nos destrói para nos fazer crescer. E neste momento sinto-me tão crescida...
Não me respondes. Porra, como me sabes tão bem os passos. Porque se falasses, nesse momento, sabias que me ias calar. E eu queria fazê-lo por mim.
Fumo um cigarro. Como se isso me ajude a encher o peito de ar. Para conseguir respirar.

Um comentário:

poca disse...

.. but still... love aint pain!