...há famílias que, para se verem, fazem piqueniques anuais, e na minha, encontramo-nos nos funerais?
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Constatações LI
Deve ser maravilhoso ter um filho. Uma experiência única, que nos muda a forma de olhar o futuro, de olhar os outros, de olhar para nós. Dizem que deixamos de viver em função do eu, e eu acredito.
Mas o que os recém-pais têm de perceber é que nós, mortais sem filhos, não conseguimos atingir semelhante estado superior e, consequentemente, não temos paciência para ver 74 fotos da criança (que nos parecem mais ou menos todas iguais) e, ao final do quinto vídeo (acompanhado das devidas e minuciosas explicações) já só queremos fugir dali. Questinando-nos, a medo, se algum dia ficaremos assim.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Escrevo
Escrevo porque me falham as palavras. Escrevo porque não te consigo chegar, não me deixas chegar-te... não sei se porque não queres ou porque o temes. E assim exorcizo as dúvidas que me assolam. Não porque com as palavras que escrevo elas se esclareçam, apagadas da minha mente num ápice (fosse assim e não pararia de escrever) mas, pelo menos, desenrosca-se um pouquinho este nó que sempre me surge quando não consigo compreender.
Escrevo porque me falham as palavras. Escrevo porque receio as respostas.
Escrevo porque me magoa esta frieza repentina sem explicação. Este silêncio que me faz ensurdecer.
Talvez escrevas também...
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Dúvidas existenciais
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Violência doméstica
Segundo dados do Observatório de Mulheres morreram este ano, até ao presente mês, 31 pessoas vítimas de violência doméstica, tendo-se registado 35 tentativas de homicídio relacionadas com esse mesmo tipo de violência.
Este observatório estabelece ainda relação entre a crise económica e os homicídios ocorridos porque muitas das vítimas e respectivos agressores estavam desempregados aquando da prática do crime.
É tão fácil seguir o caminho estupidamente mais fácil.
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Verdades que parecem mentiras
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Azul
Juntamente com os primeiros ares da manhã entra o mar pela minha janela. Lá ao fundo a igreja renovada, de novo pintada, para fingir que o tempo não passou. Olho para o infinito e todo ele é muito azul.
Tenho-me perdido muitas vezes nesse azul, que me acalma e me serena, que me faz nele querer mergulhar. Abandono-me muitas vezes ao sabor do meu pensamento que, invariavelmente, vai cair em ti.
E deixo-me cair em ti sem medo ou insegurança ou outra dúvida qualquer. Entrego-me de braços abertos, sem ontem ou amanhã (porque o amanhã pode já não existir), entrego-me com toda a força que existe em mim. Atiro-me sem rede através da minha janela.
Se fosses uma cor serias azul.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Extreme Ironing
Ao ler a Sábado desta semana descubro um novo desporto radical do qual nunca tinha ouvido falar. O Extreme Ironing consiste em passar a ferro uma peça de roupa enquanto se pratica um desporto radical. Assim, há quem passe a ferro enquanto escala uma montanha, enquanto mergulha, conduz, etc., etc., que as possibilidades são ilimitadas.
Ora, acho que se devia generalizar o conceito. Porque não lavar uma peça de roupa aquando da prática de uma actividade radical? Engraçado seria lavar a peça de roupa num daqueles tanques pequenos, de cimento: a tarefa aí seria herculeamente radical. Outra hipótese seria, por exemplo, fazer uma cama de lavado de num qualquer local longínquo e de muito difícil acesso. Era bonito... É o tipo de actividade que faltava para engrandecer o ser humano...
Agora a sério, já estou como o Nuno Lopes aí em baixo: Façam alguma coisa de útil, vocês querem é aparecer. Vão mas é trabalhar!!!
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Coisas verdadeiramente estúpidas
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Passagens
«No planeta seguinte vivia um bêbado. Foi uma visita muito curta, mas que mergulhou o principezinho numa grande melancolia.
- O que é que estás a fazer? - perguntou ele ao bêbado que foi encontrar muito calado, diante de uma colecção de garrafas vazias e uma colecção de garrafas cheias.
- Estou a beber - respondeu o bêbado, com um ar lúgubre.
- E porque é que estás a beber? - perguntou o principezinho.
- Para me esquecer - respondeu o bêbado.
- Para te esqueceres de quê? - perguntou o principezinho, que já começava a ter pena dele.
- Para me esquecer de que tenho vergonha - confessou o bêbado, baixando a cabeça.
- Vergonha de quê? - tentou informar-se o principezinho, cheio de vontade de o ajudar.
- Vergonha de beber! - concluiu o bêbado, fechando-se definitivamente no seu silêncio.
E o principezinho foi-se embora, perplexo. "Não há dúvida de que as pessoas grandes são mesmo muito esquisitas", foi o que ele foi a pensar, durante a viagem.»
Antoine de Saint-Exupéry in "O Principezinho"
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Livrolândia
sábado, 9 de agosto de 2008
Constatações XLIX
Não tenho paciência para pessoas burras. Ou melhor, básicas, daquelas-muito-básicas-mais-básico-não-há. Tento ser tolerante, mas essa tolerância esvai-se eternamente quando, ao final de seis piadas, em que a dificuldade de compreensão vai caindo vertiginosamente, qual penhasco à frente dos pés, o meu interlocutor não consegue atingir nada, nadinha!
Coitadito...
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Da série: Não me canso de homens bonitos (VI)
ADRIEN BRODY
(P.S.: Este não é daqueles bonitos, bonitos,
mas tem um quelque chose enorme que o torna maravilhoso)
Decisão de fim-de-semana
Não ver os canais portugueses de televisão: vamos ser bombardeados com os vários ângulos do assalto ao BES, pseudo-análises sobre a coragem, pontaria e heroísmo dos operadores da PSP (com direito a estudo e análise detalhada da carreira), testemunhos dos moradores, vizinhos e até de um cão que por lá passava àquela hora, relatos de psicólogos e/ou psiquiatras e/ou médiuns sobre as sequelas e tratamentos mais aconselhados aos ex-reféns e, quem sabe, familiares mais próximos, discursos xenófobos mas, no entanto, disfarçados (não, por acaso foram brasileiros, mas podiam perfeitamente ser portugueses!!), reconstrução da difícil vida dos criminosos que os levou a tal ponto, historial completo de todos os assaltos a bancos ocorridos desde que a comunicação social passou a sofrer do síndrome Big Brother - A vida em directo, e, tenho a certeza, alguma coisa mais que me está a escapar mas que não escapará certamente a quem, de direito, tem esta sede de transmitir "informação". Seja a que preço for.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
"O lado selvagem" (Estados Unidos, 2007)
Será que é possível a um jovem, acabado de sair da Universidade, reunindo todos os predicados para ter um futuro de sucesso, ser capaz de abandonar tudo em prol de uma busca de verdade? Desprovido de bens materiais e para "fugir" à hipocrisia dos tempos modernos? É! Aconteceu, de facto, e Sean Penn, um dos meus actores fétiche, passou para a cadeira da realização e criou este belíssimo filme, onde se destaca também a banda sonora, a fotografia, e o excelente papel principal interpretado por Emile Hirsch, até agora desconhecido para mim.
Uma caminhada solitária e corajosa que acaba, ao contrário do que desejava (gostaria que ele tivesse regressado à "civilização") com a sua morte.
Mas não é isso que nos espera a todos?
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Momento Kodac
Pegar no carro, num final de tarde quente, ao som de Pasión, de Rodrigo Leão. Abandonar a cidade, a mão direita no volante, a esquerda estendida para a rua, a sentir o vento fresco a trespassar-me os dedos abertos e livres. Percorrer, sem horas marcadas, caminhos verdes com alma e sem gente.
Diz que este blog é Leão!
E diz que hoje faz 3 anos o que, na idade blogosférica, deve corresponder mais ou menos a uns 15 anitos humanos. O que significa que para o ano, se lá chegar, terá atingido a maioridade!
Tão bom vê-lo crescer...
Tão bom vê-lo crescer...
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