quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nós por cá

Não há nada melhor do que uma campanha eleitoral para se perceber um pouco como as coisas se passam nas autarquias mais emblemáticas do País. Em Gondomar, Valentim Loureiro guardou uma parte da sua segunda-feira numa tarefa típica de um presidente de Câmara generoso em Portugal: distribuir convites para o concerto de Tony Carreira aos cidadãos que se dirigissem à autarquia. É claro que os cidadãos são também eleitores, a campanha eleitoral começou umas horas depois e o concerto, claro, foi pago pela autarquia – mas nada disso teve influência na ideia peregrina de Valentim.
O presidente-candidato justificou a sua experiência como bilheteiro porque várias pessoas na rua lhe perguntaram se arranjava entradas para o concerto e ele «sentiu-se na obrigação de o fazer». Alguns cidadãos, pouco habituados à honestidade rara de Valentim, ainda se dirigiram à sua sede de candidatura para recolher os presentes. Mas Valentim não mistura os cargos: oferece como presidente, recolhe como candidato. E por isso escolheu o salão nobre da Câmara para exercer as suas funções. Esteve lá à tarde e só às 16h30 fez uma pausa para lanchar. Regressou às 17h e continuou. Sempre de pé, atendeu todos os interessados da fila, ofereceu os convites e a quem só tinha coragem para pedir dois, dava quatro para que pudessem levar um casal amigo.
Para a Comissão Nacional de Eleições, este é seguramente um exemplo sem problemas
.”



In Editorial da Sábado

3 comentários:

Quint disse...

O homem, pobre dele, já não pode ser benemérito!
Então os munícipes encontram o homem no café, nos passeios e perguntam se não há um bilhete (coisa que os portugueses não são, nautralmente, de mendigar) e ele, solícito, que não, bilhetes não há apenas convites.

Azar dos azares, ficaram é todos no bolso do casaco que lá tenho no gabinete. Fazemos assim, passe por lá que logo lhe arranjo dois ou três.
Não diga é a ninguém ... (coisa que nós, portugueses, também sabemos fazer e bem que é guardar segredo) ... resultado: aparecem lá às centenas e a malta dos jornais, que não tem mesmo mais nada que fazer, começa a falar que o Senhor Major isto, o Senhor Major aquilo ...
Coitado do homem.
Faz ele o sacrifício de estar ali horas de pé a atender o povo e fazem-lhe uma desfeita destas!

Quint disse...

Em adenda, venho a agora a descobrir que na dita Região Autónoma da Madeira (para quando a independência, senhores?) e na excelsa opinião do senhor que lá representa a Comissão Nacional de Eleições não há défice democrático ... há é excesso de liberdade!
Ora toma.

Sol disse...

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