segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saramaguices

(…) “Antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje! Nunca mais fez nada! Isto tem algum sentido?”


«Deus só existe na nossa cabeça, é o único lugar em que nós podemos confrontar-nos com a ideia de Deus. É isso que tenho feito, na parte que me toca».


Agora são as declarações de Saramago que são objecto da mais recente discussão nacional (gosto especialmente da primeira que transcrevi, é mesmo muito boa). E são essas declarações que me levaram a escrever este post, embora o tema já me sobrevoasse há muito.
Não acredito em Deus e tenho dificuldades em aceitar que pessoas interessadas, informadas, cultas – porque não – possam não duvidar da sua existência.
Acho que teria perto de 20 anos quando comecei a aceitar a ideia de não acreditar em Deus. Não porque nunca tivesse pensado nisso até então, mas sim porque não me deixava sequer pensá-lo. Sentia medo. De ir para o inferno, de Deus me voltar as costas por ousar duvidar da sua existência (penso que é demonstrativo de como muita gente foi educada).
Não acredito em Deus, pelo menos naquele que a Igreja nos impingiu. Acho que, simplesmente, é muito mais cómodo para a maioria dos Homens acreditar que há uma força que os guia ou ampara, em comparação com a triste realidade de se saber que tudo depende exclusivamente de nós.
O Saramago não acredita em Deus. Eu também não. Isso fará de nós piores pessoas?

5 comentários:

Daniel Santos disse...

Saramago apenas reproduziu o que milhares pensam.
Quanto à crença, não estou em nenhum patamar.

bonifaceo disse...

Não acredito sequer em nenhuma força superior. E andei ligado à Igreja até aos 24 e deixei de acreditar com 25.
É a opinião dele, não acho nenhum escândalo. E também quem quer acreditar que acredite, respeito, há coisas bem piores.

Quint disse...

Não sou nem fervorosamente religioso, nem militantemente ateu ... tenho cá grossas dúvidas e isso leva-me a inclinar mais para um dos lados da balança. Sobre Saramago, e para além de termos de procurar respeitar a liberdade de opinião do homem, a palvra "marketing" recorda algo, não?

susana disse...

olá Sol, quem lê o teu comentário no 2711, fica a pensar que és por assim dizer, adversa ás afirmações do Saramago, mas afinal depois do que li aqui, vi que és exactamente o contrário. Em palavras simples, explicas-te muito bem o que são cristãos, "tementes a Deus" e só o são, porque realmente temem as penas do inferno. Aliás muitos seguem à risca os ensinamentos bíblicos, tipo "os últimos serão os primeiros" e então são uns grandes sacanas a vida toda e depois arrependem-se no fim e vão para o céu! Achas isto justo? Eu não!
Quanto ás pessoas muito cultas acreditarem em Deus, convém! Afinal há um rebanho (povo), a controlar e eles tem de dar o exemplo! Enquanto o povo viver oprimido por estes dogmas, melhor, não levanta tanto a crista! Talvez as religiões até sejam um mal necessário, porque senão fossem elas, muita gente já teria feito coisas que nem imaginas!
O problema no meio disto tudo é a hipocrisia e o cagaço...afinal nunca se sabe não é...ás vezes até me parece que Ele existe...certas coisas que acontecem na vida, levam-me a pensar isso, mas outras não... não sei que pensar! Como a religião católica o descreve, esperemos bem que não!

Sol disse...

Missixty, eu concordo com o Saramago, só não consigo ler os livros dele, que hei-de eu fazer? E já tentei com dois.
Em relação a crenças eu acredito em algo (embora, confesse, não sei muito bem o quê); não acredito é no Deus que nos é "vendido" pela Igreja. Parafraseando Saramago mais uma vez, aquilo não tem sentido nenhum.