Tenho grandes dificuldades em lidar com coitadinhos. Por exemplo, o rapaz que perdeu a namorada, porque para ela as coisas acabaram, e fica a remoer insistentemente nas palavras de amor ditas enquanto tudo era um mar de rosas, a perguntar-se porquê, a deixar-se ficar naquele estado de podridão da alma, que era tudo tão bom, que nunca mais vou voltar a amar, nunca mais isto, nunca mais aquilo.
Ou a rapariga que ficou desempregada - e compreendo bem a frustração que é o desemprego - e fica em casa à espera que o telefone toque, enquanto o resto do tempo é passado a ter pena de si própria, e de porque é que eu sou uma vítima da sociedade, e olha-se para ela e parece estar às portas da morte.
São situações difíceis, é certo, e cada um tem diferentes formas de reagir e de ultrapassar. Ou de lutar. Mas enerva-me esta falta de amor próprio. Para mim, é apenas disso que se trata. E quando me procuram, qual psicóloga, para comigo desabafarem, porque acho que tenho o dom de realmente ouvir as pessoas, tento dar-lhes força. Ânimo, porque o caminho se faz para a frente. Mas não consigo manter este discurso por muito tempo quando continuam a falar no que foi e no que poderia ou deveria ter sido. Aí, só me apetece dar um par de estalos e gritar: Acorda!!!
Normalmente tenho a lucidez de não o fazer. Desligo, simplesmente.
É muito difícil ajudar alguém quando esse alguém não quer, verdadeiramente, ser ajudado.
3 comentários:
não podia estar mais acordo!
aenas acrescento: a melhore forma de ultrapassar as coisas é com bom humor e gozarmos com as situações!
eu não digo que estou desempregado, falo em férias prolongadas não remuneradas!
vivi de perto, durante um bom tempo a situação do coitadinho "do rapaz que perdeu a namorada, porque para ela as coisas acabaram, e fica a remoer insistentemente nas palavras de amor ditas enquanto tudo era um mar de rosas, a perguntar-se porquê, a deixar-se ficar naquele estado de podridão da alma, que era tudo tão bom, que nunca mais vou voltar a amar, nunca mais isto, nunca mais aquilo. pfff... como te compreendo!
concordo contigo Sol. Por pior que as circunstâncias externas sejam, só a tomada de consciência e a força de vontade interna é que nos levanta do chão. É certo que caminhar em frente é dificil, mas levantarmo-nos já é o 1º grande passo para evitar o fatalismo, dramatismo ou "cortar os pulsos".
bjocas
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