terça-feira, 11 de abril de 2006

Amigos gays VIII

Há dias conversava com um amigo (hetero) sobre as diferenças de relacionamento que se estabelecem entre gays e não-gays e as suas amigas.
Dizia eu que é muito diferente. Que, por exemplo, um amigo gay me mima muito mais do que um hetero. Que me prepara lanches... Que é muito mais delicado. Que me faz sentir uma princesa! O meu amigo ripostava, e bem, sobre algo que até aí nunca me havia apercebido. Dizia ele: Supõe que era um teu amigo hetero que te preparava lanches, ou que era extremamente delicado. O que é que ias pensar? Que ele queria algo mais ou que se estava descaradamente a fazer a ti!!
E nesse momento apercebi-me de que ele tinha completa razão. As diferenças de relacionamentos entre gays e não-gays e as suas amigas são estruturais, derivam da própria natureza do ser gay.

Outro facto para o qual o meu amigo hetero me chamou a atenção, no decorrer desta conversa, foi que os gays (ou a maioria deles, para não se quebrar a regra de que mesmo a excepção confirma a regra) são pessoas que estão bem na vida. Tem boas profissões, estão bem socialmente, etc., etc.
E mais uma vez lhe dei razão. Eu nunca vi um gay desempregado, ou fechado em casa por não conhecer pessoas para sair (aliás difícil é, quando se sai com um gay, ter paciência para os mil e quinhentos olás, os duzentos mini-diálogos de ocasião que ele tem com conhecidos...).
E fiquei a remoer naquilo. Porquê? Após ter vindo a maturar a dúvida, em banho-maria, acho que é porque como são pessoas que em crianças achavam que pecavam relativamente aos ditos normais (porque o termo e a relativa aceitação da homossexualidade são muito recentes), tinham de mostrar que eram capazes, e mesmo melhores do que os outros, relativamente a tudo o resto. Tem lógica, não tem? Mas é difícil ter uma certeza absoluta do que quer que seja; nestes domínios, e é-me difícil colocar-me num papel que não é o meu...

Já agora, sabiam que os gays têm a percepção de que o são desde muito cedo? Não é uma descoberta que se revele com a puberdade. Alguns dizem que o descobriram com 2, 3, 4 anos. Outros, que o souberam desde sempre.

5 comentários:

Anônimo disse...

Interessante este ponto de vista! Mas nunca um amigo gay me preparou um lanche.... ;)

Seamoon disse...

hum...eu acho que como tudo não covem generalizar tudo,eu tenho amigos gays que estão desempregados,ou em empregos precários,ou que são timidos.
Quanto ao facto de descobrirem muito cedo,lá está acho que tambem depende de cada um e da forma como cada um enfrenta os seus "fantasmas"

Agoara quanto á parte dos lanches,,,sem duvida!!

bjs

mariannegreen disse...

Concordo com o teu amigo. É mesmo assim.
Marianne

Sol disse...

Seamoon, quando me refiro ao descobrir não é o assumir, pois esse só acontece muito mais tarde! O que eu acho é que os gays têm muito cedo a noção de que são "diferentes"!

Sol disse...

Pois Manuel a isso não sei reponder (eu não sou gay)! Aos 2 ou 3 anos devem sentir algo que não sabem concerteza descrever ou materializar na sua mente. Mas não é nada de espantar: afinal nós (leia-se hetero) também desenvolvemos a nossa sexualidade muito cedo. Se calhar não temos tanto essa noção por ela ser a socialmente aceitável! Mas isto é a minha opinião!

Seamoon e jgddcj: os vossos amigos gays são a excepção que confirma a regra!! :)