sexta-feira, 28 de abril de 2006

Sensação boa, embora não fácil, confesso,

é aquela que advém de fazer aquilo que quero,

sem me perder em considerações

com o que os outros possam pensar.

É, no fundo,

estar mais perto

do que é realmente importante.

Coisas que já não suporto II *

As mulheres que trabalham na noite e que só me atendem após terem servido sete ou oito homens! Sempre em nome da estúpido-eterna pseudo-rivalidade que possa existir!

* Ou: Enfim...

Coisas que já não suporto I *

Aqueles gajos (com os quais nos temos de cruzar na noite) que vestem camisas horríveis e usam cintos de pele de (banha da) cobra, muitas vezes a condizer com os sapatinhos horrendos, com os seus cabelos espetados e, claro, os óculos de sol. E ainda por cima a pavonearem-se tipo eu é que sou bom. Ao que respondo: boa merda!!

* Ou: Já não há paciência!!

quarta-feira, 19 de abril de 2006

"O amor não é a distante

melodia de um violino.

É o triunfante chiar das

molas de um colchão."

S. J. Perelman

terça-feira, 18 de abril de 2006

Adeus

Francisca, onde é que ela está?
Não me respondeu. Mas segui o seu olhar vazio de tudo e percebi que estavas no jardim. Corri para ti com muita força, a acreditar que se chegasse muito rápido desistirias de partir.
Estavas ao lado das tuas eternas rosas. A olhar não sei bem o quê. Mas devia ser algo muito importante! Senão porque é que o fazias com tanta determinação?
Porque é que são sempre as rosas as flores preferidas das mulheres da minha vida? Porque não as gardénias, os cravos ou as margaridas?
Cheguei-me ao pé de ti num desassossego tão grande que me mandaste acalmar com as tuas mãos enrugadas de mel. Foi-me difícil não chorar. Mas consegui escondê-la, essa vontade crua, de ti.
Ajoelhei-me e coloquei a cabeça no teu colo. A sentir o afago doce de quem nos quer bem. Olhei-te nos olhos, finalmente (quando a coragem mo permitiu) e segredei-te: Sabes que te amo, não sabes?
Não me respondeste porque, acho, te faltavam as forças. Mas também não foi preciso avó, porque os teus olhos repetiram-me o que tantas e tantas vezes ouvi de ti: Amo-te tanto, minha linda... És o meu sorriso...
Sentei-me ao teu lado. Procurei a tua mão enrugada de mel. E assim ficamos, as duas, a olhar o que só tu vias com tanta determinação...
Não sei quanto tempo passou... até teres fechado os teus olhos.
Estava uma bela tarde de sol...

Dúvidas existenciais VI

Porque é que tenho tantas dúvidas existenciais?

Dúvidas existenciais V

Porque é que digo A e o destinatário percebe B?

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis

Passagens

"«Repetimos agora a notícia com que iniciámos este jornal: pelas quatro horas da manhã, deflagrou em Lisboa um engenho explosivo de média potência. Estava colocado num automóvel estacionado junto do Ministério da Coesão...»
João Carlos sentou-se na cama.
«... A explosão feriu gravemente o soldado do Corpo Regional de Vigilância, além de quebrar as vidraças de várias janelas...»
Vinha depois o costumado rosário de «depoimentos» inúteis sobre o acontecimento: a velhinha a informar que acordara com o estrondo e dissera à filha: ó Idalina isto é o fim do mundo; o senhor que ia a passar de carro, a quinhentos metros do local e sentira a deslocação do ar e o coração a modos que na boca; outras coisas com o mesmo palpitante interesse. Nenhuma declaração oficial. E a seguir, inevitavelmente, desporto."

João Aguiar in "O jardim das delícias"
Tenho lido as notícias a correr.

Para ver se ainda me resta escapatória possível.

quarta-feira, 12 de abril de 2006


Porque hoje estou

especialmente sonhadora...

Ai ai (suspiro profundo
e muito dramático)

A 2ª notícia do dia

A Associação Portuguesa de Deficientes quer anular a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (constante do post A notícia do dia) recorrendo, para tal, ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.



Aguardam-se desenvolvimentos…

Dúvidas existenciais IV

Sempre que ouço a música do D'Artacão (essa série fantástica que me deliciava na infância) sinto-me como se tivesse 5 anos. Um sorriso gigante na cara e uma emoção tremenda na voz enquanto trauteio a letra com laivos de extrema felicidade.

Para resolver isto acham que basta um ligeiro tratamento com um profissional da área (um bom psicólogo ou mesmo psiquiatra, que a medicação deve ajudar), ou será imprescindível o internamento?

A notícia do dia

O Supremo Tribunal de Justiça considerou «lícitas» e «aceitáveis» as palmadas e estaladas aplicadas por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças com deficiências mentais.
A mulher havia sido indiciada por maus tratos, nomeadamente por dar palmadas e estaladas às crianças e por fechá-las em quartos escuros quando estas se recusavam a comer.
O Supremo Tribunal de Justiça veio dizer que fechar crianças em quartos é um castigo normal de «um bom pai de família» e que as estaladas e as palmadas, se não forem dadas, até podem configurar «negligência educacional».

Embora defendendo que algumas palmadas, nos momentos certos, podem fazer muito pela (boa) educação de uma criança, não consigo entender esta decisão do Supremo. Negligência educacional para a falta de estaladas e palmadas? Por um/a terceiro/a que não os pais?
Já se está a ver os educadores deste país a distribuirem porrada a torto e a direito. Afinal, foi o Supremo Tribunal de Justiça que os "aconselhou"...

terça-feira, 11 de abril de 2006


Ingredientes:

- Três jovens de 15 anos:
a ingénua, a intermédia e a que sabe demais
- Um professor acusado de assédio sexual

Modo de preparação:

Juntam-se todos os
ingredientes suavemente, um a um

Para o molho:

- Ambição
- Inteligência
- Religião
- Sexo
- Perversão
- Manipulação

Coloca-se tudo num tacho e deixa-se ferver lentamente. Junte-se ainda humor (um pouquinho mórbido), actualidade, e presunção.

O resultado?

Agri-doce.

Amigos gays VIII

Há dias conversava com um amigo (hetero) sobre as diferenças de relacionamento que se estabelecem entre gays e não-gays e as suas amigas.
Dizia eu que é muito diferente. Que, por exemplo, um amigo gay me mima muito mais do que um hetero. Que me prepara lanches... Que é muito mais delicado. Que me faz sentir uma princesa! O meu amigo ripostava, e bem, sobre algo que até aí nunca me havia apercebido. Dizia ele: Supõe que era um teu amigo hetero que te preparava lanches, ou que era extremamente delicado. O que é que ias pensar? Que ele queria algo mais ou que se estava descaradamente a fazer a ti!!
E nesse momento apercebi-me de que ele tinha completa razão. As diferenças de relacionamentos entre gays e não-gays e as suas amigas são estruturais, derivam da própria natureza do ser gay.

Outro facto para o qual o meu amigo hetero me chamou a atenção, no decorrer desta conversa, foi que os gays (ou a maioria deles, para não se quebrar a regra de que mesmo a excepção confirma a regra) são pessoas que estão bem na vida. Tem boas profissões, estão bem socialmente, etc., etc.
E mais uma vez lhe dei razão. Eu nunca vi um gay desempregado, ou fechado em casa por não conhecer pessoas para sair (aliás difícil é, quando se sai com um gay, ter paciência para os mil e quinhentos olás, os duzentos mini-diálogos de ocasião que ele tem com conhecidos...).
E fiquei a remoer naquilo. Porquê? Após ter vindo a maturar a dúvida, em banho-maria, acho que é porque como são pessoas que em crianças achavam que pecavam relativamente aos ditos normais (porque o termo e a relativa aceitação da homossexualidade são muito recentes), tinham de mostrar que eram capazes, e mesmo melhores do que os outros, relativamente a tudo o resto. Tem lógica, não tem? Mas é difícil ter uma certeza absoluta do que quer que seja; nestes domínios, e é-me difícil colocar-me num papel que não é o meu...

Já agora, sabiam que os gays têm a percepção de que o são desde muito cedo? Não é uma descoberta que se revele com a puberdade. Alguns dizem que o descobriram com 2, 3, 4 anos. Outros, que o souberam desde sempre.

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Blogo-mania IV

Para o Miak

Tinha de acontecer um dia. O mentor de um blog que acompanhas diz adeus. Ou até sempre. Ou até já. E - algum dia me passaria o tal pela cabeça - sinto que uma pessoa que me é próxima (não interessa o nível ou a forma de ligação) vai partir, ou viajar ou, simplesmente se ausentar.
Senti um friozinho no coração. Pode parecer ridículo mas é o que sinto. E não o sinto como ridículo.
Até sempre.
E obrigada.

quarta-feira, 5 de abril de 2006

E poesia também é...

CANTAR CANÇÕES ESQUECIDAS

NA INFÂNCIA DO TEMPO

E SENTI-LAS COMO SE AS OUVISSE HOJE

PELA PRIMEIRA VEZ.

Poesia é...

ACORDAR COM O MAR A BATER-ME À PORTA...

E EU ABRI-LA... PARA DEIXÁ-LO ENTRAR.

Frontalidade

Quando estou bem, verdadeiramente bem, não sinto inspiração para escrever. Talvez porque estou centrada em ti... e porque gosto de me poder centrar em ti... sorver todos os pedacinhos de tempo que passam a navegar por entre ondas de entrega... Talvez porque a necessidade de me esvaziar seja menor... porque estou preenchida de coisas boas que só contigo necessito partilhar... Talvez porque sei que vou ter momentos em que essa inspiração me vai surgir tal como uma bofetada, dura, dolorosa, que sei que vou levar... E como sabes, tão bem que o sabes, que não vivo dores ou alegrias, medos ou anseios antes de com eles me confrontar realmente, agradeço esta falta de inspiração. E quase que gostaria que ela fosse eterna. Mas só quase...