quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Música
Gosto de trabalhar ao som de música. Sempre gostei. Por vezes ouvia um ou outro cd para descontrair. Mas há uns tempos "descobri" as emissões de rádio online o que, além de me levar a estar a par das novidades mais comerciais me leva a ouvir músicas que não ouvia há muito. Agora a rádio está ligada o dia inteiro, o ambiente muito mais descontraído, até dá para dançar e cantar um pouco na cadeira. E o trabalho sai-me muito mais fluentemente.
Aaaaaaahhhhhhhhhhh
Segundo a Sábado desta semana, Ana Malhoa foi a personalidade mais procurada pelos portugueses na Internet em 2007.
E por falar em personalidades, de acordo com a Agência France Presse, Durão Barroso deverá ser um dos nomeados ao Nobel da Paz de 2008.
Gostava de concluir este post de forma pomposa mas... faltam-me as palavras.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Tele-lixo
Ontem à noite, no meio de um zapping, deparo-me com uma cena forte numa das novelas da TVI: segundo entendo, uma mulher foi raptada pelo marido que pretende matá-la.
A senhora, amarrada a uma cadeira, consegue soltar um braço e chegar à sua carteira, de onde retira o telemóvel. Liga a alguém a pedir ajuda.
Cena seguinte: uma outra mulher atende o telefone e vai dizendo, São, ó São, que bom que és tu, estávamos tão preocupados... Ó São, ai, graças a Deus que és tu, estávamos tão preocupados.
A São, do outro lado, amarrada, prestes a ser eventualmente morta com o aparecimento do marido nada diz, fica antes a ouvir a outra a explicar o nível de preocupação (momento sublime n.º 1).
Acaba por reagir, entretanto, finalmente, quando a outra lhe pergunta onde está. Descreve a sua localizaçao, diz ai que ele vai-me matar, vocês precisam vir rápido porque ele vai-me matar. Uma vez mais, em vez de desligar o telemóvel para que os outros possam ir salvá-la, não, fica a dissertar sobre a violência do marido (momento sublime n.º 2).
Mudei de canal. A pensar que os autores desta novela poderiam deixar de pensar nos espectadores enquanto deficientes mentais.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Amigos gays (XIV)
Só com um amigo gay poderia combinar, com uma semana de antecedência, o programa do próximo Sábado à noite: Sentar-mo-nos em frente à tv a ver a final da Operação Triunfo.
Tenho pressa. Que a vida me aconteça, me pegue pelo braço e me leve onde quero ir. Tenho pressa em definir o que está desalinhavado, unir com pontos de agulha os retalhos que vou guardando, um sobre o outro, até que possam deixar de ser retalhos para se transformarem numa peça só.
Tenho pressa, urgente, de criar, aproveitando os conhecimentos de que o que está a minha volta me dá.
Tenho pressa de acordar contigo todos os dias (aos Sábados também).
E de acabar com a sede de curiosidade que me leva a nunca parar.
Tenho pressa.
Tenho pressa, urgente, de criar, aproveitando os conhecimentos de que o que está a minha volta me dá.
Tenho pressa de acordar contigo todos os dias (aos Sábados também).
E de acabar com a sede de curiosidade que me leva a nunca parar.
Tenho pressa.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Amnésia
Uma das situações com que, por vezes, me deparo (e, penso, deve acontecer a todos os "adultos" que saem à noite) é encontrar um grupo de jovens, normalmente mulheres, alcoolicamente acelaradas e irritantemente histéricas. É um facto, incontornável, por vezes dificilmente suportável.
Há tempos, num qualquer bar, estando acompanhada por uma amiga, entrou porta adentro um grupo similar ao acima identificado, que tomou conta da pista com os seus corpos desiquilibrados, risos, refrões de canções gritados, bebidas entornadas. Não pude deixar de perceber o olhar de enfado e condenação que a minha amiga me lançou.
Tenho dificuldades em aceitar este tipo de atitude: não que às vezes as miúdas não sejam verdadeiramente irritantes, que o são. Mas o que me faz confusão é a facilidade com que as pessoas esquecem aquilo que já foram. Porque eu e a minha amiga já fomos assim, já fizémos figurinhas que não lembram a ninguém, também nós já fomos jovens-rebeldes-acabadas-de-sair-da-idade-do-armário-e-que-pensam-que-o-mundo-é-delas.
E acho que esse é meio passo para se acabar um adulto enfadonho, moralista, ou seja, um enorme chato.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Passagens
"O tradicional lençol branco salpicado de vermelho vivo do sangue ainda fresco lá estava - parecia sempre o mesmo. Sob o tecido fino pigmentado estava o corpo prostrado, na posição de borco, qual actor estático num monólogo surdo de rua, assistido por inúmeros curiosos espectadores que, apesar da hora tardia, não dispensavam o habitual desejo absurdo de sofrer. Ou então, mais prosaica e perversamente, apenas para estarem próximos do sofrimento alheio. Talvez assim se sentissem menos infelizes na sua monótona e igualmente paupérrima existência. Alguém estava em pior situação e isso descomprimia, era um tónico. Ficavam sempre por ali, a mirar e a condenar de forma veemente o responsável por tamanha atrocidade. «Covardes, isto não se faz» ou «o tipo que fez isto merece o mesmo». Serão deste calibre as expressões de revolta mais usuais, como se cada um dos espontâneos juízes não fosse ele próprio capaz de, em circunstâncias apropriadas, levar à prática de actos idênticos."
Carlos Ademar in "Estranha forma de vida"
(Oficina do Livro)
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Post de gaja
Nem tudo é mau quando se fala na nova lei anti-tabaco. No meu local de trabalho, o sítio destinado aos fumadores fica dois lanços de escadas abaixo de mim, o que significa que vou ficar com umas pernas "à holandesa".
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Cântico Negro
«"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!»
José Régio
(1901 - 1969)
Taras
Cada vez sou menos preconceituosa. Por exemplo, tenho como amigos pessoas que, talvez há uns anos atrás, não quisesse sequer conhecer. Simplesmente pela sua forma de vestir ou de falar. Ou por características da sua personalidade que considerava graves defeitos. Hoje tento aceitá-los como são, tendo aprendido que ninguém é perfeito e que uma pessoa com "graves defeitos" pode ter também enormes encantos. Esta é a minha regra. Uma excepção: pessoas que calçam as sapatilhas da foto. Não consigo levá-las a sério, não percebo como é que alguém com uma mente equilibradamente sã consegue usá-las. Talvez um dia...
Novo ano
Começo um Janeiro frio e quase sempre solarengo. Não faço uma análise do ano que passou, penso antes no que pretendo fazer no presente. Os desejos acabam por repetir-se, segundo após segundo, sultana após sultana. Saúde, muita, amor, alegria e um pouquinho de tristeza também para me recordar como a primeira sabe bem, risos e muito caminho para calcar, descobrir e desbravar.
Do ano que passou tento apenas reter as memórias, as conquistas, os erros - para tentar não voltar a repeti-los - oh, árdua tarefa...
Os abraços quentes aos que me são queridos, a tua permanente presença, as palavras sinceras, esses são mimos que pretendo reter sempre, na minha mente, na minha pele, passem os dias, passem os anos.
Começo um Janeiro frio e quase sempre solarengo, determinada a conquistar os meus sonhos. Espero que o façam também.
Bom ano.
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