"Os do meu país gostam de alindar as traseiras das casas com frigoríficos velhos, bilhas de gás mal acabadas, o carrinho daquele bebé que já foi para a tropa, uns alguidares rotos que um dia servirão para aparar o vento, um bidé, pelo menos, de loiça esboroada; pátria relha, declinada por gosto próprio.
Que posso eu dizer, se mesmo assim amo este país de convulsões, imundície, traição, inveja e de uma traquinice terna e impune de menino livre? O carinho que sinto por ti, eu não sei negar, país padrasto, amante ingrato... Atravesso este meu país de pântanos e mentiras. País? Ou simples paisagem de pouca autoconfiança e muita dissimulação, onde os novos humildes servos somos todos?"
Alexandre Honrado in "Amor a Monte"
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