Quando a Elsa se aproximou de mim, a perguntar-me apressada e desajeitadamente porque é que havia pobres que viviam na rua, não tive uma resposta pronta para lhe dar. Poderia ter-lhe dito que o mundo é assim, que para haver ricos que dormem em lençóis de rendas francesas e cetim têm de existir pobres que dormem na escura calçada do chão. Ou que sempre foi assim. Ou que... outra coisa qualquer. Mas a Elsa não ia entender. Porque a Elsa é uma criança e as crianças não percebem porque é que o mundo não é um local onde toda a gente possa ser igual. Além do mais, sentir-me-ia na voz a dúvida de não o saber também.
Perante a minha hesitação, tão sábia na sua ingenuidade, disse-me:
- Deixa lá. Depois pergunto ao meu pai.
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