Achou que ele a tocava de forma especial. Talvez não tocasse assim as outras mulheres. Talvez que a quisesse a ela, tanto como ela o começava a desejar. Os convites sucederam-se ao ritmo da vontade de estar. Não o convidava apenas a ele, não, era muito arriscado. Convidava um grupo restrito de amigos. Para tomarem um copo, para conversarem e rirem. E ele nunca se recusou.
Imaginou como seria acordar com ele na sua cama, sempre tão grande e abandonada. Imaginou o toque, as mãos entrelaçadas em fôlegos de prazer, as palavras que ele lhe diria ao ouvido. Imaginou os jantares a sós, à luz das velas e ao som de música clássica, o sexo, quente e rápido.
Começou a construir uma cumplicidade inventada.
Até que chegou a noite. Aquela que ela havia imaginado como perfeita. Saíram, divertiram-se, dançaram até de madrugada. Riram, conversaram. Quando, já o sol despontava lá ao fundo no horizonte, e a cidade começava a acordar, ele disse-lhe que ia para casa. Tal como ela tinha esperado e ansiado e imaginado vezes sem conta. Chegara o momento. O momento em que ela lhe diria: Não vás. Fica na minha. E ele ficaria. E seguiriam a passos juntos, a roupa caída pelos degraus da escada, os corpos abandonados à nudez e ao desejo.
Disse-lhe: Não vás. Fica na minha casa.
Mas ele foi. E com ele partiram todos os sonhos inventados e desejados que lhe passaram vezes e vezes pelo olhar. Seguiu a passos sós para a sua casa só.
Quando chegou, deitou-se na cama sem se despir. E chorou, uma vez mais, a sua solidão.
2 comentários:
há bichos homens muito tapadinhos...oh se há!!!
bjs
Escreves mesmo bem. Gostei muito deste post.
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