terça-feira, 2 de outubro de 2007

Saía porque isso significava que não ficava em casa. E ficar em casa significava que tinha desistido. De procurar corpos que, como o seu, procuravam corpos. De procurar olhares, insinuações, palavras sussurradas entre dentes que o fizessem sentir-se querido. Atraente. Vivo. De procurar o toque, dissimulado, entre duas bebidas pedidas no bar.
Saía porque se recusava a (querer) acreditar que a noite já pouco lhe dava. E arrastava-se na ânsia de memórias há muito vividas, há muito perdidas.
Saía porque o que lhe restava era ficar em casa. Na sua casa, que tão sua a sentia. Mas isso parecia-lhe uma forma de desistir. De se acomodar ao que os dias lhe davam (?). Às noites sós. Lentamente saboreadas, mas sós.
Saía porque sim. Porque gostava de ser visto, falado, observado. Gostava do cheiro da noite, dos à-vontades inventados por copos e charros.
De repente, como que apanhado numa bola de neve de nada, deixou de sair.

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