Carlos Ademar é professor no Instituto Superior da Polícia Judiciária e Ciências Criminais tendo sido, durante anos, investigador criminal na Secção de Homicídios da PJ.
Terá sido certamente dessa experiência que lhe saíu este romance, sobre o mundo das drogas, mulheres, influências, armas. Poder-se-ia dizer que aconteceu no Porto, mas não, foi em Lisboa. Poder-se-ia dizer que as personagens foram inspiradas no gang da Ribeira. Não, o livro foi editado antes. Poder-se-ia dizer que se move à volta de Bruno Pidá. Também não, Alberto Lima é o seu nome.
Embora não seja um mimo literário, às vezes um pouco incongruente, levou-me a contactar com uma realidade para mim pouco conhecida, e a perceber que o caso do gang da Ribeira é a conhecida repetição de muitos casos que se passam por este país fora. Basta juntar os corpos grandes fermentados nos ginásios, alimentados a substâncias químicas, a procura de dinheiro fácil e poder, os jogos de influências, os esquemas bem sucedidos, os códigos de conduta, o demarcar do território, o matar se convier.
Eventualmente, se as coisas correram de feição aos líderes naturais destes grupos, não será difícil cada um de nós conhecer um deles, agora transformado em benemérito da sociedade.